23 de Novembro de 2024
Música

1986 – 2016: 30 anos de alguns dos álbuns mais marcantes do rock nacional

Não é difícil pensar em rock quando pensamos nos anos 1980. No rock internacional, o hard rock estava na sua melhor época com Bon Jovi, Scorpions, Guns N’ Roses, Whitesnake, Aerosmith e uma infinidade de outras bandas. No rock nacional tínhamos Paralamas do Sucesso, RPM, Titãs, Legião Urbana, Kid Abelha, Ira!, Barão Vermelho e etc. […]

  • maio 31, 2016
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1986 – 2016: 30 anos de alguns dos álbuns mais marcantes do rock nacional

Não é difícil pensar em rock quando pensamos nos anos 1980. No rock internacional, o hard rock estava na sua melhor época com Bon Jovi, Scorpions, Guns N’ Roses, Whitesnake, Aerosmith e uma infinidade de outras bandas. No rock nacional tínhamos Paralamas do Sucesso, RPM, Titãs, Legião Urbana, Kid Abelha, Ira!, Barão Vermelho e etc.

Em 1986 o Brasil estava em um período de uma abertura política recém chegada no país, era através do rock que se mostrava a revolta pela repressão sentida por tanto tempo no meio de uma democracia com resquícios de abuso de poder da ditadura que durou 21 anos. O momento perfeito para jovens músicos expor suas ideias e críticas ao novo Brasil. Não só o momento foi importante, mas foram estes os discos de afirmação destas bandas e o motivo pelo qual elas ainda estão aí, na casa de todos os brasileiros.

Os Titãs lançaram o Cabeça Dinossauro nesse ano, o 3º álbum da banda foi decisivo para o reconhecimento deles em todo o país. Nando Reis comenta o sucesso de músicas como “AAUU”, que foi quando o público começou lotar os shows e cantar junto, e “Bichos Escrotos”, que era proibida de ser tocada nas rádios, mas emissoras preferiam pagar a multa e tocá-las, porque as pessoas pediam muito. Dado Villa-Lobos, guitarrista da Legião Urbana lembra: “Quando saiu o Cabeça Dinossauro foi realmente arrebatador, foi assim um soco, um tapão na cara.” – nessa época, a banda estava fazendo o “Dois”, o público crescia, mas o disco era mais lírico comparado aos anteriores da Legião e com a sonoridade do Cabeça Dinossauro, contendo músicas como Daniel Na Cova Dos Leões, Tempo Perdido e Índios.

Já os Paralamas do Sucesso lançavam Selvagem? em 1986, momento da imposição de autonomia da banda diante da gravadora, com uma capa e título que não incitavam o mercado. O Ira! lançava o Vivendo e Não Aprendendo, um disco que deu maior autonomia à banda, como afirma o guitarrista e compositor Edgard Scandurra: “É um disco que tem muitos efeitos estéreos, você ouve com o fone de ouvido e você percebe que uma voz uma hora canta de um lado, depois, na segunda vez, ela vai cantar do outro lado. Eu ia com um esqueminha na mão onde eu escrevia justamente isso: violão sem efeito do lado esquerdo no fone, a voz de “Envelheço na Cidade”, a resposta primeiro começa do lado direito. Na hora de mixagem eu colocava aquele papel bem grande em cima da mesa de som e falava: “Olha, é assim que tem que ser”.”

O que mudou ao se fazer música nos dias de hoje?

Nando Reis afirma: “Hoje em dia tem muito mais gente, tem essa loucura da internet, tem acesso a tudo, é um mingau gigante. Muita gente faz música procurando, almejando – e é legítimo, tá? – mas é muito menos a própria qualidade da música do que a quantidade de “likes”ou de dinheiro que ela possa vir a produzir. Em vez de olhar pra aquilo que é originalidade, você tende a tentar atingir aquilo que é expectativa, e a expectativa do público está sempre ligada a aquilo que fez sucesso.”

Edgard Scandurra opina: “Hoje em dia você tem a música na internet, você ouve a música em Shuffle, então você ouve a música da sua banda e aí toca uma outra banda, e outra, e outro artista, mistura tudo e você perde um pouco o conceito do álbum, que eu acho super bacana isso de você terminar um disco e virar para o lado B, onde as músicas mais radicais estão guardadas.”

Todas as entrevistas foram feitas pela Revista Trip.

About Author

Amanda Leardine

Sou estudante de jornalismo, tenho sede por conhecimento e pelo aprendizado. O estudo sobre ciências e cultura ocupam boa parte do meu tempo, acredito que entrar em contato com outras culturas é a melhor forma de conhecermos a nós mesmos, aproveito isso o máximo possível, principalmente por ter a sorte de ter nascido em um país tão diversificado como o Brasil. Sou apaixonada por ficção científica e estou sempre a procura de algo novo para conhecer.