‘Bem-vindo a Júpiter’: após missão arriscada, sonda entra na órbita de planeta mais antigo do Sistema Solar
O veículo da Nasa, a Agência Espacial Americana, completou com sucesso uma arriscada manobra de 35 minutos que deixou os cientistas com os nervos à flor da pele: acionar motores para frear a sonda e permitir que fosse atraída pela gravidade do maior planeta do Sistema Solar. “Juno, bem-vindo a Júpiter”, gritavam os cientistas no […]
O veículo da Nasa, a Agência Espacial Americana, completou com sucesso uma arriscada manobra de 35 minutos que deixou os cientistas com os nervos à flor da pele: acionar motores para frear a sonda e permitir que fosse atraída pela gravidade do maior planeta do Sistema Solar.
“Juno, bem-vindo a Júpiter”, gritavam os cientistas no centro de controle de missão no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês), em Pasadena, na Califórnia, mal a sonda emitiu “batimentos” – sinais sonoros – confirmando o sucesso da operação.
“Estou muito emocionado. Toda a equipe está emocionada. Foi uma jornada incrível”, disse o líder da equipe, Scott Bolton.
“Finalmente, estamos lá. Júpiter é o rei do nosso sistema solar, o maior (planeta). Queremos ver o que contém, como se formou, conhecer seus verdadeiros segredos. Mas esses segredos são bem guardados por Júpiter.”
A missão custou U$ 1,1 bilhão e tem como objetivo desvendar os mistérios sobre a origem e evolução de Júpiter, na expectativa de se aprender mais sobre a formação de outros planetas.
A sonda é batizada em referência à mitologia greco-romana, segundo a qual Júpiter se rodeou de um véu de nuvens para esconder sua maldade. Foi a mulher dele, a deusa Juno, quem conseguiu adentrar esse véu e revelar a natureza real de Júpiter.
Como na mitologia, Juno deu nas primeiras horas desta terça-feira o primeiro passo para penetrar as espessas nuvens de Júpiter – onde passará 18 meses analisando informações.
Segredos de Júpiter
Júpiter é 11 vezes maior do que a Terra e tem 300 vezes a massa de nosso planeta. O planeta precisa de 12 anos terrestres para completar uma volta em torno do Sol, mas um dia em Júpiter é equivalente a apenas dez horas na Terra.
Nas próximas semanas, a sonda deve enviar mensagens da missão pioneira – diversos equipamentos tiveram de ser desligados na terça-feira em preparação para a arriscada manobra que colocou Juno mais próxima de Júpiter.
Os cientistas acreditam que Júpiter foi o primeiro planeta a se formar após o Sol, e eles esperam que isso dê pistas sobre a formação de outros planetas.
A missão visa descobrir se há um núcleo sólido ou se os gases simplesmente se comprimem em um estado mais denso no centro do planeta.
Também deve fazer novas descobertas sobre a Grande Mancha Vermelha – a tempestade colossal que já dura centenas de anos no planeta. Juno deverá esclarecer qual a profundidade desta tempestade.
Juno é apenas a segunda sonda a entrar na órbita de Júpiter. A sonda Galileo passou oito anos pesquisando o planeta e suas muitas luas. Mas, exceto por um veículo lançado de paraquedas na atmosfera de Júpiter, a Galileo não tinha as ferramentas que Juno tem para analisar o que acontece abaixo das nuvens do planeta.
‘Armadura’
Mas mesmo tendo cumprido a delicada missão de entrar na órbita de Júpiter, a sonda vai entrar em um ambiente hostil e desconhecido.
Para enfrentar esse desafio, a sonda Juno carrega seus elementos eletrônicos mais sensíveis e sistemas de controle dentro de uma caixa de titânio de paredes espessas.
A engenheira do JPL Heidi Becker afirmou que o sucesso da missão vai depender totalmente da proteção que a sonda Juno recebe de sua “armadura”.
“(Sem isso) Juno enfrentaria uma radiação de mais de 20 milhões de rads, que é como se um ser humano fizessem cerca de 100 milhões de radiografias dentais em pouco mais de um ano”, afirmou.
Mas a sonda da Nasa só conseguirá obter os dados que os astrônomos querem quando chegar a 5 mil quilômetros acima da capa de nuvens – nunca uma sonda vai ter chegado tão perto de Júpiter.
Uma das buscas mais importantes de Juno será determinar a abundância de água na atmosfera, um indicador de quanto oxigênio havia na região do Sistema Solar onde Júpiter estava quando se formou.
A entrada em órbita da sonda colocará Juno em uma grande elipse em volta do planeta, que deve precisar de cerca de 53 dias para completar uma volta inteira.
No meio do mês de outubro, deve ocorrer uma segunda frenagem da sonda para diminuir a órbita para apenas 14 dias. E é a partir daí que as grandes descobertas devem começar.
A Nasa planeja continuar com essa missão até fevereiro de 2018.
O controle na Terra então dará ordens para que a Juno encerre suas operações e caia na atmosfera do planeta.
Fonte: BBC