Recentemente, tive o prazer de assistir a “Sobrenatural: A Porta Vermelha” e preciso dizer, que embora este filme tenha muito do que seus anteriores apresentaram ele talvez consiga imergir seu público trazendo à tona personagens queridos da franquia que se estendeu ao longo dos anos. Dirigido por uma equipe talentosa e interpretado por um elenco excepcional, o filme não poupa esforços em proporcionar uma experiência sobrenatural como nenhuma outra. Nesta crítica, vou mergulhar nos elementos que tornaram a experiência deste filme bem animadoras e explorar as razões pelas quais ele possa parecer repetitivo e clichê para grande parte do público.
A trama do filme se inicia no enterro de Lorraine Lambert, a família se apresenta despedaçada pelo divórcio de Josh (Patrick Wilson, “Invocação do Mal”) e Renai (Rose Byrne). Josh Lambert tenta se aproximar do filho, mas sem muito sucesso. Até que a ex-mulher o incentiva a levar o jovem Dalton para o primeiro dia na faculdade, marcando o início de uma nova fase, o que acaba não acontecendo como o esperado.
Interessado em artes, Dalton é levado pela professora de pintura a um passado sombrio que passa a estampar as ilustrações que cria em aula.
Desde a primeira cena, “A Porta Vermelha” agarra a sua atenção. A atmosfera sinistra e as imagens arrepiantes estabelecem o tom para uma montanha-russa de emoções. Conforme a trama se desenrola, somos apresentados a uma narrativa envolvente que nos mantém à beira dos assentos, imaginando o que se esconde por trás de cada reviravolta. A história tece habilmente elementos de suspense, terror e thriller psicológico, criando uma mistura fascinante que nunca deixa de surpreender. Claro, a essência de Sobrenatural são toda essa alegoria demoníaca que cerca dos personagens principais, unido com personagens secundários que são envolvidos em mediunidade, mas este filme – ao contrário de seus anteriores – não se apega tanto a este segundo ponto.
Um dos destaques mais fortes do filme são as performances excepcionais do elenco. Cada ator incorpora seu personagem de forma impecável, nos envolvendo em seu mundo e nos fazendo sentir profundamente conectados às suas lutas e triunfos. Outro destaque do filme e que ele se aproveita muito bem é a nostalgia de quem acompanha a série desde o primeiro filme – lançado em 2010. Em “A Ultima Porta” temos alguns retornos e apresentações importantes de referências lá dos primórdios, fazendo o público se ligar totalmente aos acontecimentos do primeiro filme.
O que diferencia “A Última Porta Vermelha” de outros filmes sobrenaturais é a habilidade de mesclar elementos sobrenaturais com uma exploração profunda das emoções humanas. Sob a superfície arrepiante, há uma história de amor, perda e redenção. A profundidade emocional dos personagens ressoa com o público, permitindo-nos criar uma conexão genuína com suas lutas. Esse investimento emocional eleva o filme de um simples thriller sobrenatural para uma exploração profunda da experiência humana. Outro ponto que é muito focado no filme é a relação de pai para filho. Isso se dá tanto no personagem principal da trama, Dalton (sim, o pequeno garoto do primeiro filme cresceu!) e seu pai Josh, quanto em uma trama que envolve Josh e seu pai. Vale lembrar que Patrick Wilson, além de interpretar Josh, também dirigiu pela primeira vez o filme, dando lugar a James Wan (Capítulo 1 e 2), Leigh Whannell (Capítulo 3) e Adam Robitel (Capítulo 4).
Os efeitos visuais e sonoros do filme parecem realmente ter alcançado outro nivel, mas se falando de um filme de terror, até quanto isso é bom? Não que eu seja purista, mas devo dizer que pelo menos pra mim, aqueles filmes com menos efeitos e atuações mais acentuadas são bem mais assustadores.
Além disso, o ritmo do filme é na medida certa, equilibrando momentos de terror intenso com cenas mais lentas e reflexivas. Essa cadência bem elaborada mantém a tensão elevada, permitindo que os personagens e seus relacionamentos se desenvolvam organicamente. Como resultado, o filme é ao mesmo tempo envolvente e emocionalmente satisfatório, deixando o público com uma sensação de satisfação ao seu término.
A cinematografia em “A Porta Vermelha” é uma bem construída. Cada quadro é meticulosamente composto, realçando o clima e a atmosfera geral do filme. O uso da iluminação e das paletas de cores contribui para a ambiência arrepiante do filme, transportando efetivamente o público para um mundo onde a linha entre a realidade e o sobrenatural se dissolve. Algumas cenas de terror em específico ficarão marcados na mente de quem assistiu ao filme, mas isso é algo que a série “Sobrenatural” faz muito bem! Quem não lembra daquela cena do primeiro filme onde o demônio aparece ao lado de Josh, de frente para a “câmera”.
O roteiro, por sua vez, até tenta evitar clichês e abraçar a imprevisibilidade, mas falha. Em diversos momentos o filme é previsível e não apresenta nada novo, muito pelo contrário, aparentemente parece que já vimos esse filme antes pois seu enredo lembra muito os outros filmes de “Sobrenatural”.
Veredito
Em conclusão, “Sobrenatural: A Porta Vermelha” consegue entreter, mas infelizmente o roteiro falha em mostrar algo novo e imprevisível. Porém, sua história e personagens ainda sim são cativantes, as atuações são brilhantes, visuais deslumbrantes e você vai sim ter um ou outro jump scare, mas não vá ao cinema achando que o filme se destaca como uma obra imperdível no gênero. Para os fãs da “série”; ele consegue combinar habilmente o sobrenatural com emoções humanas profundas, nos levando em uma jornada que permanece em nossas mentes por algum tempo após o fim dos créditos. Pode ser redundante falar isso logo após falar que o roteiro não é marcante, mas toda a direção, atuações e ambientação salvam o filme e vão realmente fazer valer a pena o ingresso.
NOTA: 3/5
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