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DC Rebirth – Um Brilhante Recomeço

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Na última Quarta-Feira, a DC Comics lançou a edição DC Rebirth #1. Diferentemente de outras tentativas da editora de recomeçar sua linha editorial, dessa vez não há uma grande saga sendo concluída para abrir as portas. Todos os planos, revistas e arcos dependem dessa edição como ponto de ignição. Mas o que pode parecer uma desafio desproporcional, se torna uma das melhores estórias de quadrinhos dos últimos tempos nas mãos do roteirista Geoff Johns e da elite dos desenhistas da DC.

Contexto

Desde 2011, a linha da DC Comics foi encapsulada em um grande arco chamado “Novos 52”. O nome, referente tanto à quantidade de Terras no multiverso DC e à quantidade de séries quando de seu lançamento, teve a ambição de fazer um “soft reboot” na cronologia da editora, mantendo uma série de elementos, mas seletivamente apagando outros. O grande objetivo fora o de aproximar novos leitores, fazendo com que a grande maioria de seus personagens ficasse mais jovens. De forma geral, a DC explicou que quase toda a atual “era de heróis” tinha apenas 5 anos (com alguns heróis operando em segredo antes disso).

O que pareceu uma grande idéia no inicio – e com bom reflexo no nível de vendas de alguns títulos – se notou problemática em pouco tempo. Fãs de mais tempo questionavam como a nova cronologia podia funcionar (como todas as aventuras do Batman ocorreram em pouco mais de 5 anos?), assim como a ausência de vários personagens clássicos (Sociedade da Justiça, Titãs, entre outros). Lentamente, leitores (novos e antigos) passaram a entender que aquela cronologia não importava de fato, não parecia real. A qualidade de vários títulos também não colaborou e, apesar de várias tentativas de modernizar a linha, as vendas despencaram.

Nesse contexto, a DC Comics chamou seu grande pensador criativo, Geoff Johns, para propor uma nova abordagem a linha e aos títulos. O resultado foi Rebirth. E que resultado.

Trama – E Spoilers Adiante!

A saga-contida-em-edição mostra um narrador perdido no espaço-tempo, vagando de forma incorpórea pela Terra 0 do Universo DC. Ele nota que aquela Terra, a sua Terra, foi alterada, manipulada, que o tempo e a história do lugar foram modificadas por alguma forca adversarial.

Rapidamente, se revela que o tal narrador é Wally West, originalmente o parceiro mirim do Flash Barry Allen e, para muitos, o Flash que tomamos como cânone. Vejam, Wally, logo após a saga Crise nas Infinitas Terras, assumiu o lugar de seu mentor quando esse aparentemente faleceu. E foi Wally um dos personagens esquecidos durante o lançamento dos Novos 52.

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Na tentativa de conseguir se ancorar na Terra, a energia de Wally contacta vários heróis, na vã tentativa de que algum deles se lembre da estória que têm em comum. E é durante essas tentativas de conexão que vários segredos acabam sendo revelados:

  • Batman descobre que o Coringa, na verdade, não é um único homem, mas na verdade 3;
  • Os membros da Sociedade da Justiça seguem existindo, idosos, mas sem que ninguém lembre deles ou saibam onde estão;
  • Ao menos um membro da Legião de Super Heróis está no presente;
  • O Átomo está preso no Microverso;
  • O Besouro Azul original esta vivo e querendo voltar a sua vida de herói

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Mas a principal revelação da trama, que Wally percebe de forma intuitiva, é que a linha temporal sofreu uma “cirurgia”. Alguma entidade removeu cerca de 10 anos daquele mundo, forcando com que relacionamentos ficassem mais fracos, que legados fossem abandonados. Alguma força que queria que aquele mundo fosse menos esperançoso e vivo.

Revelações

A estória evolui para um dos momentos mais tocantes da DC nos últimos anos. Conforme Wally falha em fazer uma conexão permanente com seus entes queridos (inclusive com sua uma vez esposa Linda Park), ele decide dizer adeus ao seu mentor, amigo e figura paterna, Barry Allen, o Flash. Em um dos diálogos que mais prende o leitor, enquanto torcemos por Wally mas sentimos que ele irá falhar, o Kid Flash original agradece a Barry por toda sua vida, suas aventuras, seus momentos, admitindo que cada segundo é precioso e que todos foram bem vividos. Barry olha em pânico, sem se recordar de quem aquela pessoa é… até que em um lampejo, todos os anos roubados, toda aquela vida, volta. Agarrando a energia de Wally, Barry o resgata, atuando como ancora e o trazendo de volta.

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A edição fecha com uma revelação ainda maior. Conforme Wally explica a Barry que algo alterou suas vidas, o leitor – e somente o leitor – percebe que essa força tem uma conexão com Marte. Ao mesmo tempo, Batman encontra um smiley muito conhecido na bat-caverna. E conforme DC Rebirth termina… vemos que a força por trás dessa deturpação foi o Doutor Manhattan, dos Watchmen.

Significado e Meta-Linguagem

Muito mais do que encontrar um “big-bad” à altura do relançamento, a escolha do Dr. Manhattan e dos demais personagens de Watchmen tem um significado mais profundo. Até os anos 80, a DC era famosa por mostrar seus personagens da forma mais icônica possível, heróis incorruptíveis e esperançosos. A saga Watchmen subverteu essa abordagem, perguntando pela primeira vez como seriam os super-heróis se tivessem surgido no “mundo real”. Alem de ser uma obra prima de narrativa, a saga se propôs a ser um contraste ao colorido e feliz mundo da DC.

Contudo, dado seu sucesso de crítica e vendas, o que era contraste virou padrão. Lentamente, os roteiristas e editores viram as possibilidades que se abriam em pintar seus personagens em tons mais sombrios. Batman foi um recurso óbvio – com a Piada Mortal sendo um ótimo exemplo desse começo de transformação – mas vários personagens seguiram a tendência. Ao longo dos anos seguintes, Superman morreu, Aquaman perdeu a mão, Batman foi quebrado pelo Bane, Mulher Maravilha assassinou Maxwell Lord em rede de televisão… O tom sombrio de Watchmen permeou a linha editorial e algo foi esquecido. Da mesma forma que 10 anos foram roubados dos heróis da DC, o tom leve, positivo, heróico muito se perdeu.

Em entrevistas, Geoff Johns afirma que por muitos anos, a DC viveu em resposta a Watchmen. E que agora sente ser o momento de Watchmen viver em resposta a DC. Mais do que isso, para os leitores de plantão, leiam o diálogo entre Barry e Wally de uma outra maneira. Coloque Wally como um avatar dos fãs da DC. E Barry como o próprio Geoff Johns. Ao longo da edição inteira, Wally diz como cresceu como uma criança desajustada, sem rumo, ate encontrar amigos e aventuras em seus super-heróis. Se relacionaram? E quando Barry se pune por haver se esquecido de Wally, como se a editora se houvesse esquecido de seus fãs, vemos um honesto Geoff Johns pedindo desculpas a seus fiéis seguidores.

Se a qualidade, dedicação e paixão dessa nova linha editorial tiver um décimo do que esse única edição tem, pedidos de desculpa aceitos. Sinto que estamos entrando em uma fase de ouro da DC. Fazia tempo, turma. Bem vindos de volta!

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Quadrinhos, séries e filmes são meu principal hobby e necessidade básica do dia-a-dia! Jogador velhaco de videogame, especialmente Nintendo (por mais que isso seja difícil às vezes!). Provavelmente o maior fã de Marvel que você conhece!

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