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Entrevista Exclusiva! Desenhista da Mulher Maravilha, Liam Sharp!

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Liam Roger Sharp nasceu em 2 de Maio de 1968 na cidade de Derby no Reino Unido. Como muitos artistas daquele país, Liam teve seu início de carreira na revista de ficção científica 2000 AD nos anos 80 e, posteriormente, entrou no ramo mais mainstream na linha do Marvel UK. Daquele ponto em diante, Liam teve vários projetos com as duas maiores editoras (Marvel e DC), desde personagens conhecidos como X-Men e Homem-Aranha, mas também alguns bem obscuros, como o Death Hand e os Extremistas. Na última década, Liam expandiu seus horizontes, sendo um dos sócios fundadores do Madefire, uma plataforma e aplicativo de quadrinhos digitais com grande influência e inserção no mercado dos EUA.

E, obviamente, se tornou o desenhista principal da série da Mulher Maravilha! Na nova fase da DC Comics, conhecida como DC Rebirth (“DC Renascimento”), Liam fez um trio com Greg Rucka (roteiros) e Nicola Scott (também quadrinista) para levar Diana a um novo patamar de aventuras. Enquanto Nicola Scott desenhará as edições pares da série (focadas no passado da Mulher Maravilha), Liam irá desenhar a série nos dias atuais, nas edições ímpares. 

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Além de ser um profissional de grande talento, o sujeito é uma simpatia só. Vejam a entrevista exclusiva que ele deu para os nossos fãs do Acesso GEEK! Original em inglês no final do post:

1) Liam, você já trabalhou para Marvel, DC, Image, editoras menores e também publica independentemente. Qual a sua preferência? Algo único que cada uma dessas experiências proporciona?

Minha conclusão principal é que realmente só existem duas maneiras de gostar de desenhar quadrinhos: trabalhar em um título icônico que você ama (que geralmente será no mainstream), ou trabalhar em algo que você seja dono. Se você acaba trabalhando em um título que você não sente paixão e que poucas pessoas se importam, então aquele trabalho se torna solitário, acaba te consumindo depois de um tempo. Você pode até acabar perdendo o senso do que você quer dizer e de porque ama quadrinhos. Os títulos mais conhecidos ajudam a estabelecer o seu nome, mas são divertidos porque são ícones mesmo – é uma posição muito privilegiada para estar, pelo que você precisa respeitar essa condição. Os seus próprios personagens e estórias são um trabalho de amor – eles são seus bebês – então trabalhar nesse tipo de título é realmente um prazer – e isso realmente se traduz no produto final.

2) Qual o tipo de interação com roteiristas que você prefere? Você gosta mais de ter roteiros muito detalhados ou guias mais gerais para ter mais liberdade?

As melhores relações são as colaborativas, quando eu sou bem vindo em apresentar idéias para estórias, além de ter liberdade para alguns layouts. Atualmente, eu estou aproveitando muito um processo muito divertido e produtivo com Greg Rucka. Nós nos falamos quase que diariamente e estamos nos tornando amigos rapidamente. É realmente um prazer quando isso acontece e ocorreu comigo algumas vezes ao longo dos anos.

3) Estava lendo o seu livro de arte “Sharpening the Art of Liam Sharp” [“Afiando a Arte de Liam Sharp”, sem edição no Brasil]. Esse tipo de livro é algo que você gostaria de revisitar no futuro? Como que você escolhe os seus “filhos favoritos”para serem incluídos no livro?

Esse livro é na verdade um daqueles livros de convenção, produzido para San Diego [a San Diego Comic Con], mas acabou levando a mim e a minha mulher a fundar a editora ‘Mam Tor’. Não é tão difícil escolher o melhor do meu trabalho, até porque são as peças que acabei compartilhado mais ao longo do tempo e que mantenho cópias. Eu tenho um livro ainda melhor e inclusivo chamado ‘Reluctant Barbarian’ [“O Barbaro Relutante”] que saiu há uns 6 anos e que ainda têm edições disponíveis (http://www.blurb.com/books/1619961-reluctant-barbarian).

4) A DC é às vezes criticada por sua mão editorial pesada, mas com o DC Rebirth a atmosfera entre os criadores parece ser excelente. Ao que você atribuiria isso?

Criadores veteranos e confiáveis. Ouvir aos fãs. Parece ser uma gama de fatores, mas falando especificamente do meu ponto de vista eu nunca tive um grupo editorial mais inclusivo. Todos nós, desde o Greg até o nosso letrista Jodi, são convidados para dar sua opinião, comentários e sugestões. Realmente é um ótimo time, entusiasmado, baixo a liderança do Mark Doyle. Nós estamos tendo uma fase fantástica!

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5) Como você se sente lançando a Mulher Maravilha para uma nova geração de fãs? Que tipo de pesquisa você fez quanto aos personagens e cenários?

É um prazer. Eu amei a fase do Brian e Cliff [Brian Azarello e Cliff Chiang, na fase dos Novos 52]; é sensacional, mas eu entendo que parecia uma versão alternativa, com uma vibe da Vertigo. É uma responsabilidade enorme ocupar o lugar de Phil Jimenez, George Perez – a própria fase anterior do Greg (Rucka) foi ótima! Estamos começando algo novo, único para as nossas habilidades criativas, mas respeitando a história da personagem e dos outros criadores. É a série mais excitante em que eu já estive envolvido.

6) Como é trabalhar com Greg Rucka, que é tão associado com Diana e seus mitos? Vocês compartilham uma visão única? E houve alguma colaboração com Nicola Scott na seção dela das primeiras 12 edições?

Todos nós três estamos conectados. Realmente é um trabalho com todos colaborando ao mesmo tempo, e realmente é muito bacana dividir uma série com um outro artista, não somente por ser mais divertido, mas também inspirador. Se em algum momento eu vejo que estou amolecendo, tudo o que eu preciso fazer é dar uma olhada no que a Nic está fazendo e isso me alimenta de todo o ímpeto que eu preciso. Ela é incrível!

7) Numa época onde personagens femininas fortes e inclusão são temas tão discutidos, o que você acha que a Mulher Maravilha representa – e como você gostaria que essa série fosse lembrada?

Minha mulher, minha filha e eu estávamos discutindo isso um outro dia, sobre como até mesmo o termo “personagens femininas fortes” é antiquado – nós não falamos de “personagens masculinos fortes”! Deveria ser somente “personagens principais fortes”o gênero deveria ser transparente.

Isso me fez pensar e eu definitivamente ajustei minha abordagem sobre personagens femininas nos quadrinhos. Eu não tenho problemas em desenhar alguém de forma sexy, mas no caso de personagens como a Diana isso deve ser natural, nunca abusivo. Ela é poderosa, ela é linda, ela tem empatia e não tem nada a provar. No passado, eu dizia que personagens masculinos também eram fruto de objetificação da mesma forma que os femininos, mas isso não é inteiramente verdade, porque quando ambos são retratados como espécimes perfeitas, somente os femininos são retratados com poses e atitudes excessivamente sexualizados. 

Novamente – se for parte da natureza do personagem até pode ser diferente. Mas a Mulher Maravilha é A personagem feminina mais icônica, além de ser uma inspiração para a comunidade GLS. Ela representa esperança, compaixão e inclusão. O poder da Diana é que ela tem controle sobre esse poder – e existe uma responsabilidade enorme sobre isso!

Agora, essa série também vai ter um apelo para o público masculino, com muita aventura: temos horror, fantasia, mitologia, ficção científica e muitos temas psicológicos… Realmente tem de tudo! 🙂

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8) No evento de anúncio de DC Rebirth, ficou implícito que havia um mistério (até para os criadores) de quem era o roteirista de Mulher Maravilha. Foi isso mesmo?

Ah, eu sabia! A gente só estava brincando com o público – a volta do Greg foi uma parte TÃO grande do anúncio… A minha maior preocupação, enquanto eu estava atrás daquela cortina, era que, “e se eu saio daqui e ninguém sabe quem eu sou?” Afinal, fazia uns 20 anos que eu não trabalhava em um título icônico como esse… Ainda bem que, me conhecendo ou não, a arte daquela capa original fez bastante sucesso…e eu pude ficar aliviado! Ufa!

9) Você poderia nos contar um pouco sobre o movimento do ‘Beardism’ [“Barbarismo”em uma tradução bem livre] e seus laços com o Dadaísmo  – e Barbas?

Eu posso indicar a minha novela “Paradise Rex press, Inc” que fala de tudo isso em detalhes! (http://www.pspublishing.co.uk/andrew-wilmingots-paradise-rex-press-inc-hardcover-by-liam-sharp-3445-p.asp).

É a obra mais ousada, honesta e pessoal que eu já fiz, e bebe muito da fonte dos heróis literários da criatividade crescente da minha juventude, como Samuel Beckett, Dylan Thomas e James Joyce. É muito meta, e muito diferente do meu outro livro ‘God Killer: Machivarius Point and other Tales’ (https://www.amazon.com/God-Killers-Machivarius-Point-Other/dp/0954999886?ie=UTF8&*Version*=1&*entries*=0)

10) Para fechar, o que você pode nos contar da iniciativa e app ‘Madefire’? Quão animado você está com esse projeto e como você vê o futuro do ramo editorial digital? Você ajusta seu estilo para as possibilidades que o meio digital oferece em termos de apresentação e layout?

Madefire tem sido uma jornada incrível. Ben Wolstenholme, eu e Eugene Walden realmente nos esforçamos para melhorar nosso estilo quando contamos estórias digitalmente! Hoje, nós alimentamos os apps para a IDW, Archa, Valliant e várias outras editoras. Nós construímos o app do Batman: Arkham Origins para a DC, além de uma ferramenta gratuita para outros criadores e o nosso próprio app com 20.000 títulos dentro dele!

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Ele se tornou o app número 1 na categoria de livros da app store por um ano inteiro, e ainda tem uma avaliação de 5 estrelas. Nós mostramos desde quadrinhos somente convertidos em pdf, até edições com todos os estilos de animação disponíveis.

Eu realmente me sinto muito orgulhoso de ser parte disso. E eu ainda consegui criar a minha obra-maior com a minha esposa Christina (“Captain Stone is Missing) e trabalhar em um motion-comic do Sherlock Holmes com um do meus heróiis, Bill Sienkiewicz (“Sherlock Holmes – The Greek Interpreter”).

Madefire continua crescendo e se diversificando e eu aprecio cada vez mais o papel de consultor e de divulgador desse meio. Mas nós estamos vendo somente a pont do iceberg em termos de contar estórias e publicar digitalmente – e isso é realmente animador, ser verdadeiros pioneiros nesse campo!

Original em Inglês

1) Liam, you’ve worked for Marvel, DC, Image, smaller publishers and self publishing. Do you have any preference? Anything unique each of these experiences brings to the table?

My main takeaway is that there’s only really two ways to enjoy drawing comics – work on an iconic title that you love, which is usually the mainstream, or work on something of your own. If you end up on a title that you have no passion for, and very few people care about, then it’s a lonely, relentless and soul-crushing job after a while. You can lose track of what you are about, and why you loved the medium so much. The iconic titles help establish your name, but are fun because they are icons – it’s also a very privileged position to find yourself it, so you have to respect that. Your own stories and characters are labors of love, and are your babies, so working on those books are a joy – and this usually carries through into the work. 

2) What is your preferred type of interaction with your fellow writers? Would you rather have very detailed scripts or more loose guidelines so you can have more freedom?

The best relationships are the collaborative ones, where I’m welcome to contribute story ideas, and have some freedom around the layouts. I’m currently enjoying an extremely productive and fun process with Greg Rucka. We speak almost daily and are fast becoming great friends. That is a joy when it happens, and it has a few times over the years.

3) I was going through your artbook “Sharpening the Art of Liam Sharp” from 2004. Is this something you’d like to revisit in the future? How do you go on selecting the best pieces and how comfortable are you on “picking your favourites kids”?

That was really a glorified con book, produced for San Diego, but it let to me and my wife founding Mam Tor publishing. It’s not as hard as it might seem to pick out the best of my work, because that’s the stuff I’ve tended to share or keep copies of. There was a much more comprehensive book called ‘Reluctant Barbarian’ I put out six years ago, that is print on demand – http://www.blurb.com/books/1619961-reluctant-barbarian

4) DC sometimes is criticised for its heavy editorial hand, but with DC Rebirth the atmosphere among you creators seems excellent. What do you attribute that to?

Trusted, veteran creators. Listening to fans. It seems to be a number of things, but speaking purely from my own vantage point I’ve never had a more inclusive editorial team. All of us, from Greg through to our letterer Jodi, are invited to feedback, comment and make suggestions. It’s just a great, enthusiastic team headed by Mark Doyle. We’ve have a fantastic time!

5) How does it feel launching Wonder Woman for a new generation of fans under DC Rebirth? What sort of research you did for character designs and scenarios?

It’s a joy. I loved the run by Brain and Cliff, it’s amazing, but I understand that it feels like a Vertigo-esque alternate version. There are some huge boots to fill with the likes of Phil Jimenez, George Perez, and also Greg’s earlier run was pretty seminal! We’re starting something new though, unique to our current teams, but respectful to the history and other creators. It’s about the most exciting book I’ve ever been involved with.

6) How is it working with Greg Rucka, who is so associated with Diana and her myths? How much of a shared vision you guys have? Was there any collaboration with Nicola Scott on her part of the first 12 issues?

All three of us are connected. It really is an all-hands-on-deck collaboration, and it’s actually nice to share a book with another artist because it makes it not only more fun, but inspiring. If I’m ever flagging I only need to take a look at what Nic is doing and it gives me all the impetus I need. She’s amazing!

7) In an age where strong female leads and inclusion is so discussed, what do you think Wonder Woman represents and how do you hope the series will be remembered?

My wife and daughter were making the point the other day that even the term ‘strong female lead’ is out-dated because we would never say ‘strong male lead’. It’s just ‘strong lead’, and the gender has no relevance. I really get that thinking, and I’ve definitely adjusted my own thoughts around female characters in comics. I have no problem with sexy, but in the case of a character like Diana it should be natural, and never cheesecake. She’s powerful, she’s beautiful, she’s empathic, and she has nothing to prove. I used to argue that male characters were objectified in the same way that female characters are, but it’s not entirely true, because while both are presented as perfect specimens, only the women adopt overtly sexualized postures. Again – if that’s part of the character then it’s very different. But Wonder Woman is THE most iconic female character, as well as a beacon for the LGBT community. She represents hope and compassion and inclusion. The power of Diana is that she has control over her power. There’s a lot of responsibility in that! BUT – this book is also for male readers, and is full of good, old-school adventure. There’s horror, and fantasy, and mythology, and sci-fi, and cool psychological stuff… it really does have everything! 🙂

8) On the DC Rebirth announcement event/video, it was implied that, at least initially, you did not know who the writer for Wonder Woman was. Was that really the case? And if so, how did you feel about the reveal?

Oh, I knew! We were just having fun with the audience – Greg coming back was SUCH big news after all… My biggest worry, as I stood behind the curtain, was – what if I walk out there and literally NOBODY knows who I am? It’s been 20 years since I did an iconic title after all… Thankfully, regardless of whether they knew me or not, the cover I did seemed to go over really well, so that was a big relief! Ha!

9) Could you tell us about the Beardism movement and how it ties to dadaism – and beards?

I can point you at my novella, ”Paradise Rex Press, Inc’, which goes into it in detail! (http://www.pspublishing.co.uk/andrew-wilmingots-paradise-rex-press-inc-hardcover-by-liam-sharp-3445-p.asp) It’s the most daring, honest and personal thing I have ever done, and it owes more to literary heroes of mine from my burgeoning creative youth, like Samuel Beckett, Dylan Thomas and James Joyce. It’s very meta, and very different indeed to my first prose book ‘God Killer: Machivarius Point and other Tales’ (https://www.amazon.com/God-Killers-Machivarius-Point-Other/dp/0954999886?ie=UTF8&*Version*=1&*entries*=0)

10) What about the Madefire initiative & app? How exciting is that? How do you see the future of publishing in the digital age? Do you change your style to the possibilities of digital presentation/layouts?

Madefire has been an incredible journey. Ben Wolstenholme, myself, and Eugene Walden really upped the game when it came to digital storytelling! We now power apps for IDW, Archy, Valliant, and many others. We built the Batman: Arkham Origins app for DC, as well as creating a free tool for storytellers, and our own app with 20,000 titles on it – the no.1 app in the books category on the app store for a full year, and still sporting a solid 5 stars. We showcase simple PDF-type comics, to the all-singing, all-dancing motion books. I’m just so incredibly proud to have been a part of it. And I also got to create my own magnum opus with my wife Christina, ‘Captain Stone is Missing…’, and to work on a Sherlock Holmes motion book with one of my all-time heroes, Bill Sienkiewicz – ‘Sherlock Holmes – The Greek Interpreter’. Madefire continues to grow and diversify, and I’m enjoying my more advisory role, and acting as an advocate. But we’re just at the tip of the iceberg regarding digital storytelling possibilities, and that’s extremely exciting to – to be pioneers in a true sense! 

Quadrinhos, séries e filmes são meu principal hobby e necessidade básica do dia-a-dia! Jogador velhaco de videogame, especialmente Nintendo (por mais que isso seja difícil às vezes!). Provavelmente o maior fã de Marvel que você conhece!

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