O Contador | Crítica do novo filme do Ben Affleck
“O Contador”, filme estrelado por Ben Affleck, Anna Kendrick, J.K. Simmons e Jon Bernthal, é um excelente exemplo de como realizar uma obra de qualidade nesses tempos de busca de franquias e sequências mandatórias a qualquer custo. Mas estou me antecipando à conclusão. No filme, Ben Affleck vive um homem (Christian Wolff) com um tipo […]
“O Contador”, filme estrelado por Ben Affleck, Anna Kendrick, J.K. Simmons e Jon Bernthal, é um excelente exemplo de como realizar uma obra de qualidade nesses tempos de busca de franquias e sequências mandatórias a qualquer custo. Mas estou me antecipando à conclusão.
No filme, Ben Affleck vive um homem (Christian Wolff) com um tipo específico de autismo que, ao mesmo tempo que lhe dá uma facilidade quase que sobrenatural com números, faz de seu convívio social um grande desafio. Na infância, Christian teve temas familiares complexos, o que agravou ainda mais sua situação. Falar mais das relações entre pais e filhos seria entrar em território de spoiler. No presente, o dom de Christian o leva a ser um contador especializado em uma clientela, digamos, um tanto quanto criminosa.
Muito se fala sobre a capacidade de atuação de Ben Affleck. Ainda que ele tenha feito uma reviravolta em sua carreira como Diretor e Produtor, muitos críticos se mantém duros quanto a suas habilidades dramáticas como Ator. Aqui, porém, sua entrega é acima da média: se por mérito da atuação em si, ou se pela escolha de um papel que se encaixe à gama de suas habilidades, não sabemos. Fato é que funciona muito bem. O elenco de apoio – especialmente Anna Kendrick e J.K. Simmons – contribuem muito para as interações: Simmons existe mais como uma presença externa e elemento para avançar a trama, enquanto Kendrick é o contraponto perfeito para a sobriedade de Affleck. A única atuação que parece um pouco engessada é a de Cynthia Addai-Robinson (a Amanda Waller de Arrow, que atua como a assistente de Simmons): temos a impressão de que a atriz se esforça demais em ser dramática em alguns momentos.
A trama e ritmo do filme são seu grande trunfo. Ainda que lento ao início, é uma lentidão intencional, que apresenta bem os conflitos internos dos personagens antes de expô-los aos desafios externos que lhe esperam. Em nenhum momento se sente que mais elementos pessoais ou mais cenas de ação estão sendo inseridos para preencher um cota. Pelo contrário: o filme flui muito bem até sua conclusão. Há alguns problemas de roteiro perto do final (mas falar deles é estragar algumas surpresas), mas nada que afete a obra como um todo.
No final das contas, seguramente um filme que vale ser assistido – e no cinema! Saí da sala torcendo para que o personagem volte às telonas em novas situações e aventuras. E, além disso, qualquer filme onde vemos o Batman enfrentar o Justiceiro, enquanto é perseguido pela Amanda Waller… vale para os geeks de plantão!
Por último: Ben Affleck e Matt Damon são grandes amigos na vida pessoal. É realmente fácil ver ambos discutindo sobre se Bourne ou Wolff teriam mais sucesso em um embate. Quem sabe um dia?
Essa crítica foi um oferecimento Primepass
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