REVIEW | DEAD SPACE REMAKE
Jogamos a releitura do clássico game de terror dos anos 00.
Dead Space é conhecido por ser um clássico de ação e terror de sobrevivência, que posteriormente muitos tentaram imitar e fracassariam. Infelizmente, a série começou a perder força devido à escolhas erradas dos desenvolvedores, felizmente, agora temos a chance de ver o que era bom talvez se tornar ainda melhor, unindo o que era bom de suas primeiras versões com as incríveis tecnologias que temos hoje nos videogames.
Voltar às raízes é uma boa maneira de reiniciar uma franquia, e é exatamente isso que o remake de Dead Space faz. Esta nova versão utiliza uma abordagem moderna de design e narrativa de jogos para melhorar a experiência que os jogadores já conhecem e amam há anos. Assim como o original, os Necromorfos continuam sendo uma ameaça constante, mantendo o jogador em um estado constante de tensão até o fim do jogo.
A narrativa de Dead Space permanece intacta neste remake, com algumas modificações em pontos cruciais da trama que tornam certos aspectos do jogo mais compreensíveis, mas mantendo a estrutura original da história. Na prática, essa abordagem é bem-sucedida em todo o jogo. Mesmo que você não jogue há anos, provavelmente lembrará de certos trechos e verificará se eles ocorreram no jogo original, quando na verdade, de fato ocorreram. Da mesma forma, os temas centrais do jogo são familiares e evocam uma memória vaga do original.
Eu sempre fui muito fã da franquia e me lembro de jogar os primeiros jogos quando era bem mais novo. Confesso que um dos pontos que mais pegou pra mim foi a nostalgia e ver como os desenvolvedores resgataram tudo da melhor forma possível pois me perdi até mesmo em alguns dos puzzles que me lembro ter tido um pouco mais de ‘dor de cabeça’ para resolver. O protagonista de Dead Space é Isaac Clarke, um engenheiro que chega a Ishimura com uma equipe para ajudar no seu resgate. No entanto, Isaac tem motivos pessoais para estar a bordo, já que recebeu uma comunicação de sua namorada, Nicole Brennan, que também está na nave. Infelizmente, a situação piora rapidamente quando a equipe sofre um pouso forçado no hangar da Ishimura. Depois de uma rápida exploração, fica evidente que tudo foi evacuado, mas há algo profundamente sinistro no ar que torna a situação muito mais amedrontadora.
Não demora muito para que os controles e a exploração sejam interrompidos pela chegada dos Necromorfos, seres humanos deformados que surgem pelas aberturas e aparecem por trás para assustá-lo. A história de Isaac fica ainda mais complicada quando uma relíquia conhecida como o Marcador é descoberta, adicionando um novo mistério à sua missão de encontrar sua namorada e escapar com vida. A cada tarefa concluída, novos problemas surgem, tornando a fuga ainda mais difícil e desafiadora.
Para quem já jogou a versão “original”, a trama apresenta momentos semelhantes, mas com algumas áreas expandidas para fornecer mais contexto, como o personagem Dr. Cross, que agora desempenha um papel mais significativo. Para jogadores novos, este é um verdadeiro horror fisiológico que raramente vemos nos jogos atuais e isso é uma das cosias que faz Dead Space ser tão único e que por tantas vezes tentaram copiar. A história pode deixar algumas questões em aberto para interpretação, mas consegue conectar todas as peças na conclusão. Além disso, o jogo oferece um New Game+ que permite aos jogadores transferir seus itens e equipamentos da rodada anterior, além de incluir novos tipos de inimigos.
Falando um pouco sobre a jogabilidade, os jogadores têm a tarefa de explorar os corredores do Ishimura para completar missões que, com sorte, os levarão à fuga. Os corredores são labirintos e a dica que posso te dar é que aproveite o design do jogo no geral que inclui pontos de referência e que ajudarão você a entender onde está. Além disso, os jogadores possuem muita liberdade para explorar. Independentemente de onde seu marcador indicar para você ir, você é livre para seguir o caminho que desejar, embora isso possa levar a mais encontros com inimigos, mas também há recursos preciosos espalhados por vários diferentes caminhos.
Um outro aspecto essencial em Dead Space é gerenciamento de recursos, em algum momento você ficará sem munição para uma ou mais armas. Saber o que comprar e vender é crucial, especialmente no final do jogo, quando você pode ter gastado uma grande quantidade de dinheiro em um novo traje, mas tem pouca saúde e nenhum kit médico disponível. Gerenciar os recursos é ainda mais desafiador nas dificuldades mais elevadas, o que exige que você utilize habilidades como Kinesis para arremessar objetos ou membros dos inimigos contra eles, ou a habilidade Stasis para desacelerá-los e, em seguida, desmembrá-los.
A ambientação é o principal ponto onde Dead Space brilha, como acontece nas primeiras versões do game. O jogo é capaz de assustar o player mesmo quando não há inimigos por perto. Os corredores são preenchidos com gritos e rosnados que saem das paredes, fazendo com que a frequência cardíaca do jogador acelere, assim como a de Isaac, o personagem principal. Às vezes, você pode ver um inimigo à distância, mas quando tenta atacá-lo, é surpreendido por mais dois que aparecem atrás de você. A música dinâmica aumenta a ansiedade do jogador enquanto ele tenta economizar munição e lidar com a horda de Necromorfos.
Essa atenção ao design de áudio eleva a experiência a outro nível. Com um bom par de fones de ouvido, a imersão é excelente. Usando avanços modernos, a equipe consegue oferecer uma experiência sem telas de carregamento, o que faz maravilhas pela fluidez do jogo. Vale lembrar que jogamos no PS5 e não sei se nas outras plataformas o jogo está tão fluido assim.
Há outras melhorias na experiência geral do jogo que podem ser encontradas em adições simples de qualidade de vida, como a exploração de gravidade zero, onde agora é possível se mover por uma sala usando propulsores. Além disso, alguns capítulos finais foram simplificados para limitar o uso de truques. Algumas áreas do jogo também passaram por ajustes leves, mas todos contribuíram para melhorar a IA inimiga, o desmembramento e a navegação.
Um dos maiores avanços em comparação a versão antiga se dá graças ao Frostbite. A nova engine usada no game deixa tudo bonito de forma incrível. O Raytracing funciona de forma que mostra o quanto a tecnologia pode favorecer até jogos com ambientes mais escuros. Os efeitos das armas e a física geral funcionam muito bem com o novo motor gráfico. Além disso, interagir com os ambientes permite destruir salas sem motivo ou desmembrar cadáveres aleatórios. O jogo de iluminação – ou falta dela – torna a ambientação ainda mais amedrontadora e o foco luminoso central no rosto das aberrações pode fazer até o mais corajoso jogador dar uns pulos quando é atacado de forma imprevisível.
Vale a pena?
Dead Space Remake mostra como clássicas franquias podem ganhar uma nova cara sem perder a sua essência. Essência essa que fez Dead Space virar um clássico jogo de terror lembrado por todas as suas gerações posteriores. O jogo pegou tudo de bom que havia em sua obra original e uniu com tudo de bom que há nas tecnologias atuais e construiu esse game magnífico que merece muito destaque. Dead Space Remake, na minha opinião virou um jogo essencial para todas as pessoas que jogaram o ‘original’ de 2008 e se torna indispensável para quem curte um bom game de terror com ambientação bem tensa e muitos e muitos jumpscares.
Dead Space Remake já está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X e Series S e PC. Nossa review foi feita no PS5 graças a EA que disponibilizou um código de revisão.