Review – Dragon is Dead
Dragon is Dead é simples e imediatamente cativante.

A proposta de Dragon is Dead é simples e imediatamente cativante: você assume o papel de um Successor, um guerreiro imortal condenado a lutar eternamente. Sua missão é ajudar o povo de Cliffshire, enfrentando forças míticas enquanto descobre as origens dos perigos que assombram essa terra. Na essência, o jogo é um hack and slash platformer com pitadas generosas de RPG, com missões, sistema de níveis, loot de sobra, árvore de habilidades e mais – tudo apresentado de forma que, mesmo parecendo complexo no início, se esclarece com tutoriais práticos e intuitivos.
Evolução, Loot e Sistema de Progressão
No começo da jornada, você mal segura uma espada e se sente vulnerável diante dos primeiros inimigos. Mas é questão de tempo – e logo nos níveis iniciais, o ritmo acelerado de loot faz você ganhar potência rapidamente. O destaque vai para a árvore de habilidades: longe de ser tão complexa quanto a de Path of Exile, traz ótimas possibilidades de variação. Cada nível conquistado traz um novo ponto de habilidade, então é preciso batalhar, saquear e sobreviver para evoluir e ramificar o personagem no estilo desejado, experimentando diferentes combinações de skills ao longo das runs.

O sistema de loot merece aplausos: bosses e elites frequentemente droppam armas e equipamentos lendários, e trocar entre eles antes de cada boss pode ser decisivo. Há itens comuns, raros e lendários, facilmente alternáveis no inventário. Não só isso, mas a quantidade e qualidade de equipamentos contribuem para runs realmente únicas, tornando cada tentativa um novo quebra-cabeça de escolhas e estratégias.
Roguelike, Proceduralidade e Rejogabilidade
Morrer? Aqui, faz parte do ciclo. Dragon is Dead segue a linha dos grandes roguelikes: cada morte significa recomeço, e o progresso não é carregado entre runs. O destaque fica por conta da proceduralidade: cada sessão traz variação no layout de mapas, no posicionamento dos monstros e, claro, nos possíveis loots. Isso diminui o risco de monotonia, estimula experimentação, e mantém o frescor que tanto falta em muitos títulos do gênero.
Em cada área, você explora dois níveis antes de enfrentar um chefe, o coração pulsante do gameplay. Cada boss é único, com padrões de movimento e ataque próprios – momentos em que o design criativo do jogo realmente brilha. Não existe truque universal: é preciso estudar padrões, esquivar, aparar, usar bem suas habilidades, e ajustar sua build – especialmente porque as runas adquiridas ao derrotar bosses são essenciais para despertar ou criar equipamentos lendários.
Desafio, Inimigos e Dificuldade
A curva de dificuldade acompanha bem o crescimento do jogador. Inimigos comuns vão se tornando mais numerosos e variados, e mesmo elites e grupos demandam domínio de esquiva e leitura de padrões, à la soulslike. Assimilando cada ataque inesperado, cada novo monstro, você aprende com seus próprios erros – algumas mortes são quase inevitáveis, mas nunca realmente injustas.
Reforçando a importância do preparo, ser derrotado por um boss geralmente não é um fim frustrante, e sim uma motivação a testar armas novas, explorar outras habilidades ou buscar um loot mais adequado para o próximo embate. A variedade de armas e equipamentos só potencializa esse ciclo.

Visual, Trilha Sonora e Imersão
O grafismo em pixel art é um dos grandes destaques de Dragon is Dead: paisagens ricas em detalhes, animações fluidas e um estilo próprio que remete ao charme de Dead Cells, embora com vibe mais sombria e ameaçadora. O design dos chefes merece menção especial – são criativos, diferentes entre si e verdadeiramente imponentes.
A trilha sonora, por outro lado, cumpre sua função, sendo adequada e ambientando bem as fases, mas está longe de brilhar ou se destacar. O tema dos chefes consegue dar um gás a mais, mas nas demais situações, a música serve mais de pano de fundo do que de elemento memorável. O enredo apresenta uma boa base, embora não seja revolucionário – o suficiente para manter interesse, mas como em muitos roguelikes, o apego maior acaba ficando para o gameplay.

Controles e Experiência
O jogo brilha especialmente nas mãos de quem prefere jogar com controle, já que o layout dos comandos é mais natural nessa configuração. No teclado, a curva de adaptação pode ser um pouco mais longa, mas é totalmente possível jogar sem perder nada.
A experiência geral é de altíssima satisfação: o loop de combate, loot e crescimento é envolvente, e a experimentação constante com builds e equipamentos garante horas de diversão. Mesmo com pequenos tropeços (principalmente na trilha sonora e em pontos que poderiam ter mais polimento), o conjunto tem consistência, ritmo e variedade invejáveis.
Vale a pena?
Definitivamente sim. Dragon is Dead se destaca como uma das experiências mais divertidas e completas entre os recentes roguelikes de plataforma, misturando ação rápida, loot abundante, personalização, chefes memoráveis e arte vibrante em pixel art. Mesmo com pequenos ajustes pendentes, é uma pedida certeira para fãs do gênero – especialmente para quem gosta de montar builds, apreciar visuais criativos e mergulhar de cabeça no ciclo viciante de tentar “só mais uma run”.