Review – Elden Ring: Nightreign
Elden Ring: Nightreign é o tipo de experimento que só mesmo a FromSoftware ousaria lançar no mundo.

Elden Ring: Nightreign é o tipo de experimento que só mesmo a FromSoftware ousaria lançar no mundo. Quem já conhece o universo de Elden Ring certamente vai se surpreender: esse “remix” abandona a tradicional jornada solo para jogar você e mais dois amigos direto em uma arena de sofrimento coletivo — um caos planejado onde cada tentativa é um espetáculo de frustração, risadas e pequenas vitórias suadas.
Desde o começo fica claro: aqui, os chefes são ainda mais insanos. Imagine uma mariposa gigante (claramente inspirada na Mothra) que simplesmente decide montar a cabeça de um graveto kaiju e disparar lasers orbitais nos jogadores — tudo ao som de gritos no chat de voz enquanto três arqueiros tentam, milagrosamente, se virar com o que têm. Os encontros, por mais absurdos que soem, viram piada interna, mas sobreviver não acontece por acaso: cada vitória é arrancada no grito e na gambiarra.
O Jogo Que Te Diz: “Aceite o Caos”
Nightreign não se acomoda na fama de Elden Ring: ele reinventa as regras, impõe um cronômetro estilo battle royale que sufoca o jogador o tempo todo, traz loot completamente aleatório e faz questão de, muitas vezes, te sabotar. Uma hora você está perfeitamente equipado, na próxima fica dez minutos esperando o mapa te entregar aquela arma sagrada necessária — tudo enquanto o tempo ruge e o círculo da morte se fecha.

A estrutura mudou: cada partida é um ciclo de 30 minutos, sempre diferente, sempre com possibilidades novas — mas sempre punindo você com um sistema de eventos “opcionais” que muitas vezes só servem pra gastar recursos e prepará-lo para um chefe final que pode nem precisar daquilo que você conseguiu.
Aprendendo com o Sofrimento — e com os Bugs
Aqui, perder faz parte da rotina. Muitas vezes você vai maldizer o loot, os eventos desconexos e até o sistema de relíquias, que tanto pode praticamente não te ajudar (“+2 de destreza”) quanto mudar o rumo do jogo (frascos de cura compartilhados para o grupo todo).
O sistema de construção de personagens existe, mas ele vive em tensão com a aleatoriedade e a velocidade do jogo: as opções para montar builds interessantes aparecem de forma rarefeita e, quando surgem, talvez não estejam alinhadas ao personagem da vez. Nightreign exige não só habilidade, mas também criatividade e resiliência. E, claro, um bocado de sorte.
Mecânicas Experimentais, Mesmo Para FromSoft
A sensação é de um minigame superdimensionado que mistura Elden Ring, battle royale e elementos de roguelike sem dó. O ciclo é brutal: lute, rasteje, pegue loot, enfrente chefes, repita — e tudo sob extrema pressão de tempo. O combate está mais acelerado, os chefes aparecem como eventos (quase) aleatórios, e as referências a outros jogos da FromSoftware aparecem do nada: é possível, sim, ser emboscado por chefes de Dark Souls em pleno Limgrave.
Apesar de tudo, Nightreign não traz incentivos tradicionais: não há passes de temporada, não há recompensas diárias, não há “brinde” pra te manter viciado. O que existe é o desafio incessante, e um sistema que te força a aprender — ou desistir.

Visual, Sons e Atmosfera
Nightreign herda toda a estética gótica de Elden Ring, mas transporta as lutas para contextos mais velozes e imprevisíveis. O clima é o de uma arena cheia, quase um esporte narrativo onde o público torce pelo seu fracasso. O design dos chefes impressiona pelo absurdo: cada encontro é único, algumas vezes hilário, outras vezes desesperador.
A trilha sonora cumpre seu papel — nervosa e grandiosa nos momentos finais. O áudio do combate e dos efeitos mantém o padrão FromSoftware de imersão, mas na correria muitas vezes mal se nota o tema épico de fundo com tanto grito no chat de grupo.
Diversão Condicional — Ou Punitivamente Viciante
Nightreign é um experimento arriscado: pode ser viciante para quem ama buscar novas combinações, experimentar builds e rir do próprio azar. Por outro lado, para muitos, as partidas se tornam monótonas ou frustrantes quando o RNG simplesmente não coopera — e quando o “prêmio final” significa apenas o direito de repetir tudo, mas com uma relíquia nova.

A construção de personagem poderia ser mais refinada; o ritmo pode alienar quem prefere exploração e história. E claro, a curva de aprendizado é ridícula: os menus continuam crípticos, as terminologias (“encantações de dragão”) continuam misteriosas, e você tem segundos pra decidir antes de morrer engolido pelo círculo.
Vale à pena?
Elden Ring: Nightreign não é para qualquer público: é difícil, caótico, muitas vezes injusto — mas também é criativo, cheio de situações hilárias e momentos brilhantes que só surgem dessa mistura de massacre, cooperação e improviso.
Se você gostou de sofrer em Soulslikes e pula de alegria com cada vitória improvável, vai acabar fisgado pelo ciclo vicioso de Nightreign: perder, xingar, rir, vencer — e, inevitavelmente, querer tentar mais uma vez. No fim das contas, é exatamente o tipo de sofrimento que só a FromSoftware sabe transformar em diversão.
Me diga: qual foi o momento mais maluco ou inesperado no Nightreign pra você até agora?
Elden Ring: Nightreign está disponível para PC, PlayStation e Xbox.
Esta review foi produzida no PC com uma cópia fornecida pela publisher.