REVIEW | FAR CRY 6
Far Cry 6 já está disponível para consoles e Pc.
Far Cry é, sem dúvidas, uma das franquias mais queridas da Ubisoft e é conhecida principalmente por seus grandes e marcantes vilões em histórias profundas e que poderiam muito bem ser reais acontecendo em diversas partes remotas ao redor do mundo. Dessa vez não é diferente! Far Cry 6 está de volta com uma nova abordagem que mistura ação de sempre em primeira pessoa aos gráficos de ultima geração com o melhor que temos atualmente. Após um atraso inicial que para mim foi um atraso bem-vindo para aplicar mais polimento ao jogo de forma geral, devo dizer que o resultado desse atraso é algo que você pode sentir imediatamente enquanto joga. E a nossa pergunta agora é: Será que eles conseguiram manter no sexto jogo da franquia aquele clima e essência que já estamos familiarizados? Ou resolveram renovar completamente os ares como fizeram com Assassin’s Creed para tentar atualizar a série e mostrar que ela pode continuar como uma franquia popular de longa duração mesmo após tantos anos. É o que vamos descobrir à seguir.
De cara eu já afirmo: Far Cry continua girando em torno de grandes vilões e isso pra mim é um ponto que devo ressaltar como muito positivo. Definitivamente, é o diferencial da série, vilões marcantes, reviravoltas interessantes e aquele clima tenso de odiar e amar um personagem ao mesmo tempo rodeiam a franquia desde o início – e principalmente a partir de Far Cry 3, quando conhecemos o icônico Vaas Montenegro. Aqui em Far Cry 6, não poderia ser diferente e quem assume o papel do gerador de dores de cabeça para o jogador é Antón Castillo, protagonizado pelo também incônico e incrível ator Giancarlo Esposito, antagonista de grandes séries de TV como Breaking Bad, The Boys e The Mandalorian. Giancarlo é incrível e consegue passar exatamente o que o jogo propõe: Tem a versatilidade que Antón Castillo pede, uma pessoa muito carismática e ao mesmo tempo aterrorizante.
Na trama Antón é filho do ex-presidente de Yara, a fictícia ilha do Caribe. Porém, no meio de uma revolução, ele vê o seu pai sendo executado diante os seus olhos. Como consequência desse trauma, Castillo cresce com a certeza de que a Ilha de Yara foi roubada de sua família. Após o acontecido, o personagem passa a ser criado pela mãe, que vivia reafirmando quem eram os culpados pela morte de seu pai e posteriormente, aos 13 anos, é preso e sentenciado a 15 anos de trabalhos braçais nas plantações de tabaco de Yara. No período da pós-revolução, Yara enfrentou uma grave crise econômica e como um bom tirano, Antón chegou à conclusão de que ele e sua família tinham a missão de salvar a Ilha. Dessa forma ele assume como “El Presidente” com um regime autoritário e com os planos futuros de passar o trono para o seu filho Diego.
Em Far Cry 6 o jogador interpreta Dani Rojas, e assim como vem acontecendo em outros jogos da Ubisoft, podemos escolher entre o gênero masculino e feminino, essa escolha acontece logo no prólogo do jogo, no mesmo momento em que o grande vilão é apresentado. O personagem faz parte de um grupo de guerrilha que luta contra a tirania de Castillo. Acompanhado dele temos um dos personagens que se tornará o mais querido de sua jornada, o cachorrinho Chorizo. Como é do nosso costume, não vou me aprofundar muito nos acontecimentos do jogo para não estragar a experiencia de ninguém, mas desde já preciso deixar claro que você terá poucos momentos de tranquilidade dentro do game.
Visualmente Far Cry 6 é deslumbrante, possui cores vibrantes e um terreno que se estende até onde a vista alcança, o que convida os jogadores a explorarem como qualquer bom jogo Far Cry deveria fazer. Com Yara sendo controlada por décadas por ditadores, algo claramente inspirado no mundo real de Cuba, você verá que é um lugar quase parado no tempo, com muitos carros sendo modelos clássicos e apenas os militares tendo veículos mais modernos para dirigir e voar, mostrando como O povo está oprimido e como a linha de governantes está completamente no controle, com Anton Castillo sendo talvez o mais implacável deles.
Os gráficos são uma das partes mais importantes do visual do game, eles consegue transmitir a realidade que o jogo merece, trazendo ao jogador um clima único e uma imersão como tivemos nos jogos passados de Far Cry. A franquia também é conhecida por sempre aproveitar do melhor que o gráfico atual pode proporcionar e com Far Cry 6 não foi diferente. Jogamos o game no PC e tanto as cutscenes quanto os próprios momentos de gameplay não deixam nem um pouco a desejar em questão de polimento gráfico, seja na construção dos cenários e ambientes, até mesmo nos próprios biomas presentes no game. Sem contar que todas as texturas do jogo parece ter sido feitas com um capricho sem igual.
Precisamos falar sobre a jogabilidade em si, parte do novo jogo parece muito familiar se você jogou um título dos títulos de Far Cry lançados nos últimos anos. Far Cry 6 muda muitas das mecânicas conhecidas, e mantém outras que deram muito certo. Por exemplo, seu personagem Dani, agora aparece nas cenas cinematográficas da história, enquanto antes você só estaria vendo sua visão em primeira pessoa e outras vezes tendo muito pouco diálogo em resposta a outros personagens. Na minha opinião, essa foi uma das mudanças mais bem vindas na união das cenas de gameplay e cutscenes, pois sem dúvidas ajuda a contar a história deixando tudo mais claro e mostrando outras visões durante o game, essa mudança também é importante especialmente quando você está aceitando uma missão ou recebendo uma oferta, o jogo muda para uma tela onde o personagem que está lhe dando a missão e te apresenta aquilo que você terá que fazer para segui-la. No mundo, outros personagens e NPCs responderão às ações anteriores que você completou, fazendo você se sentir ainda mais parte da história do game, e trazendo uma sensação de que definitivamente você faz parte daquele mundo. Isso é outra coisa muito interessante que eu senti durante o meu tempo de jogo.
Falando um pouco sobre o mundo, outra coisa que melhorou em relação ao seu “avanço no mundo” comparando aos jogos anteriores – e principalmente ao Far Cry 5 – é a forma de revelar os mapas. Anteriormente, tínhamos que ativar as torres de rádio para que elas pudessem te mostrar novas áreas do mapa, em Far Cry 6 a única coisa que você precisa fazer é simplesmente explorar. Óbvio que o desbloqueio do mapa por meio das torres de rádio não eram um ponto negativo, até porque fazem total parte do sentido do jogo naquela ocasião, mas vamos ser sinceros que era um pouco chato essa forma de poder desbloquear novas áreas tendo que ir em cada torre primeiro, né?
Há muitas mudanças no jogo como algumas que já citei, mas talvez as maiores que foram feitas no jogo são nos sistemas de criação de itens e habilidades, e como elas funcionam em Far Cry 6. No sistema de habilidades, por exemplo, você perceberá de cara que Dani de início já terá muitas habilidades, coisa que nos jogos passados você teria que consegui-las de acordo com o seu avanço no jogo. E o que anteriormente exigiria vários pontos de habilidade e consequentemente muita e muitas horas para desbloquear os diferentes estágios de uma habilidade, hoje você encontra totalmente disponível de imediato. O que acontece é que a sistema de habilidades foi substituído por um outro sistema, que ao meu ver, torna a experiência de jogo mais estratégica e menos “esmaga botões”. As armas podem ser modificadas com diferentes tipos de munição para derrubar tipos específicos de inimigos e veículos, por exemplo, e você pode carregar imediatamente três armas principais e um braço lateral de escolha que, novamente, teria sido algo que você teria que desbloquear por meio de habilidades ou crafting para fazer isso. Tudo isso torna o jogo mais versátil e te propõe escolhas, durante todo o gameplay. Você pode avançar usando somente um tipo de arma ou munição? Claro que sim, mas saiba que isso poderá te fazer passar bem menos perrengue do que escolhendo o arsenal certo. Outra mudança está relacionada na construção de itens, agora você não precisa mais caçar animais selvagens ou encontrar plantas para fazer poções ou equipamentos. Precisa de cura? basta usar um remédio ou capsula medicinal em seu inventário. Agora o foco maior está na criação de itens que no novo game é voltada para criação e modificação de armas.
As missões do jogo vem no estilo de objetivo principal padrão para avançar na história, as também já conhecidas missões paralelas e como sempre acontece, também haverá muitas distrações devido ao mapa ser grande e bem vivo. Ou seja, não faltará coisa pra fazer em Yara, sem contar que quando você achar que está só rodando no mapa, você poderá explorá-lo à vontade o que com toda a certeza desencadeará alguma pedra no seu caminho. Você levará cerca de 32 horas para completar o jogo sem manter muito o foco em completar tudo o que o jogo te oferece, mas caso você seja do time dos que precisam fazer absolutamente tudo no jogo para sentir que o finalizou, prepare quase o dobro desse tempo, pois horas de gameplay não faltarão. E não podemos deixar de falar sobre um modo de jogo bem divertido: Logo no início do jogo é possível convidar um amigo para jogar com você e formar uma equipe para destruir furtivamente instalações militares ou concluir uma das Operações. Essas missões únicas também podem ser jogadas solo poderão te levar em alguns territórios ‘escondidos’ em Yara.
Vale a pena?
Far Cry 6 é uma continuação de um sucesso da longa data que é inteligente o suficiente para se reinventar sem perder a sua essência mantendo os próprios elementos que trazem os jogadores de volta à série em todos os lançamentos. O mapa é enorme, então há muito a fazer e embora algumas das atividades paralelas possam parecer repetitivas, a variedade em como você pode enfrentar o mundo com diferentes armas significa que sempre haverá uma nova maneira de jogar. A história é forte e aborda muitos temas difíceis do que significa ter um país e um povo totalmente sob o domínio de um tirano e ditador que em 2021 ainda é um cenário muito real em algumas partes do mundo. O minigame de luta de galos é um pouco exagerado em termos do que representa e, embora seja uma atividade legal em Cuba, não é algo muito legal de ser ver aqui no Brasil, por exemplo, o que pode ser um pouco chocante para algumas pessoas mais sensíveis. O jogo busca a inovação, consegue na maioria das tentativas, mas as atividades secundárias são a única coisa que merecia ser um pouco melhorada pois ainda me deixa com a mesma sensação de repetição que tive ao jogar os lançamentos passados da franquia. Mas, fora isso eu não tenho do que reclamar, muito pelo contrário. Far Cry 6 me surpreendeu e mais uma vez se superou de forma positiva. Tem seus problemas? Sim, mas esses são completamente soterrados no meio de tantos pontos positivos que vimos durante a nossa experiência no jogo.
Far Cry 6 já está disponível para PS4 e PS5, Xbox Series X/S e One e PC (via Ubisoft Connect).