REVIEW | FROSTPUNK 2
Frostpunk 2 eleva a sobrevivência estratégica a um novo nível, colocando o jogador no comando de uma cidade em ruínas, onde decisões políticas e morais moldam o futuro. Confira nossa review completa!
Frostpunk 2, desenvolvido pela 11 bit studios, é a aguardada continuação de um dos jogos mais impactantes de construção e sobrevivência, lançado em 2018. A sequência mantém a atmosfera opressora e desafiadora do primeiro jogo, ao mesmo tempo em que eleva a complexidade com um maior foco em política, moralidade e decisões sociais. O novo título coloca os jogadores no papel de Steward, o novo líder de New London, após a morte do Capitão, personagem central do primeiro jogo.
Diferente de sua antecessora, onde as regras eram mais simples e a sobrevivência era a única prioridade, Frostpunk 2 expande as interações dentro da sociedade. Agora, a liderança não envolve apenas manter a cidade funcionando, mas lidar com as diversas facções que surgiram. Cada uma dessas facções tem suas próprias visões e interesses, o que coloca o jogador em situações onde a negociação e a persuasão tornam-se tão essenciais quanto o gerenciamento de recursos.
O Início da Jornada: Sobrevivência e Desafios Imediatos
Logo no começo do jogo, a ameaça do inverno extremo já está sobre você. O carvão, um dos principais recursos de Frostpunk 1, começa a se esgotar, forçando o jogador a procurar novas maneiras de manter New London funcionando. Embora a extração de carvão em áreas ao redor da cidade ofereça uma solução temporária, é necessário encontrar uma fonte externa de longo prazo para garantir a sobrevivência.
A partir daí, a escala do jogo se revela. A construção da cidade ainda é importante, mas agora há camadas adicionais de complexidade. As decisões não são mais somente técnicas, como construir casas ou fábricas, mas envolvem lidar com o surgimento de conselhos e votos entre as facções que influenciam o futuro da cidade. As reuniões no Council Hall se tornam um ponto central para a tomada de decisões, onde é preciso persuadir as facções a apoiar suas ideias, ou até mesmo realizar trocas políticas para obter apoio. Cada movimento estratégico no conselho pode fazer a diferença entre a sobrevivência ou a queda de sua liderança.
Foco na Política e na Moralidade
Uma das grandes novidades em Frostpunk 2 é a inclusão dessas facções políticas. Enquanto você ainda deve gerenciar recursos como carvão, madeira e alimentos, as necessidades e desejos dos diferentes grupos sociais dentro de New London se tornam igualmente críticos. No começo do jogo, você já se encontra em um dilema moral: apoiar os Frostlanders, que preferem uma abordagem mais tradicional e conservadora, ou os New Londoners, que formam a maioria neutra e que visam maior progresso? Suas escolhas ao longo dessas decisões políticas têm consequências profundas e diretas, que impactam tanto na moral da sociedade quanto na eficiência da cidade.
Além disso, cada facção tem opiniões sobre os diversos Projetos de Pesquisa que você pode desenvolver. Por exemplo, optar por explorar uma mina de carvão mais simples e rápida pode agradar uma facção, mas desagradar outras que preferem uma solução mais eficiente e sustentável. A mecânica de tomar decisões que afetam várias partes da sociedade torna-se um ciclo contínuo de concessões e negociações.
Construção de Cidade em Nova Escala
Outro aspecto que Frostpunk 2 expande é a escala da construção da cidade. Diferente do primeiro jogo, onde o jogador focava em uma cidade relativamente pequena, a sequência permite que você expanda New London significativamente, construindo distritos inteiros dedicados a diferentes funções. Seja um Distrito de Extração para coletar materiais ou um Distrito Industrial para transformar esses recursos em bens de consumo, a criação de infraestrutura é vital para o sucesso a longo prazo.
O processo de expansão, entretanto, não é simples. Cada novo distrito requer o uso de Frostbreaking, uma técnica que exige trabalhadores e recursos, e o planejamento cuidadoso das áreas a serem desenvolvidas. Isso adiciona uma camada extra de estratégia, onde cada escolha de expansão deve ser ponderada com cuidado, já que construir demais sem os recursos adequados pode levar ao colapso de setores importantes da cidade.
Além disso, os novos prédios adicionam uma complexidade interessante à dinâmica do jogo. O Centro de Pesquisa, por exemplo, permite novas inovações, mas também impõe demandas em outras áreas, como saneamento e moradia. Um dos pontos mais cativantes de Frostpunk 2 é como cada escolha de construção afeta diretamente outros aspectos da cidade – nada é construído sem um trade-off.
Exploração e Gestão de Recursos
A exploração do frostland continua a ser uma parte vital do jogo, mas agora é ampliada com mais profundidade. Equipes de expedição podem ser enviadas para explorar áreas distantes, em busca de novos suprimentos e sobreviventes. No entanto, a sobrevivência fora de New London é extremamente perigosa. Estabelecer rotas de suprimentos confiáveis e seguras se torna essencial para manter a cidade abastecida com recursos.
Decisões difíceis ainda fazem parte do cerne de Frostpunk 2, como a forma de lidar com os mortos ou a forma de melhorar a capacidade de aquecimento das casas. A sua prioridade na pesquisa de Ideias e novas tecnologias faz toda a diferença entre uma cidade preparada ou uma que está à beira do colapso.
Consequências Humanas e Sociais
Embora o jogo tenha uma escala muito maior do que seu antecessor, ele ainda não perde de vista as histórias humanas que emergem ao longo do caminho. Mesmo no caos de gerir uma sociedade à beira da extinção, os pequenos momentos pessoais continuam a dar peso emocional ao jogo. Ver uma criança chamada Sue Miller, que começa como uma encrenqueira e acaba encontrando seu caminho ao se tornar uma Aprendiz de Família, é um lembrete poderoso de que suas decisões afetam vidas individuais, e não apenas números.
Esses momentos são intercalados com eventos mais sombrios, como o luto de uma mãe pela perda de seu filho ou a maneira como a cidade pode marginalizar uma família inteira devido à falta de leis de Prevenção de Contágios. Esses toques de narrativa humanizam a experiência, fazendo o jogador refletir sobre as consequências morais de cada decisão.
Estética e Imersão
Visualmente, Frostpunk 2 é impressionante. As luzes do Gerador iluminando os distritos, a neve caindo sem parar e a paisagem detalhada criam uma imersão visual profunda, que é complementada pela trilha sonora magistral e os efeitos sonoros envolventes. Em momentos de tensão, a música intensifica a urgência, enquanto os sons dos distritos em funcionamento dão vida à cidade.
Modo Builder e Liberdade Criativa
Fora da campanha principal, o jogo também oferece o Utopia City Builder, um modo onde você pode construir uma cidade do zero, com uma variedade de condições e desafios aleatórios. Essa liberdade adicional torna o replay do jogo extremamente atrativo, permitindo que os jogadores explorem diferentes estratégias e métodos de sobrevivência.
Conclusão
Frostpunk 2 é uma sequência digna, elevando tudo o que o primeiro jogo fez de forma magistral e adicionando novas camadas de profundidade. A combinação de gerenciamento de recursos, decisões morais e política é envolvente, desafiadora e emocionalmente desgastante. As mecânicas de construção em grande escala, a narrativa rica e a estética envolvente garantem que este seja um dos melhores jogos de sobrevivência e estratégia do ano. Embora algumas áreas possam se beneficiar de refinamentos – como a interface e a navegação no frostland – Frostpunk 2 é uma experiência obrigatória para os fãs do gênero.
Frostpunk 2 já está disponível para PC, PS5, Xbox e disponível gratuitamente para assinantes do Game Pass.