REVIEW | ROAD 96

ROAD 96, novo game desenvolvido e publicado pela DigixArt e anunciado pela primeira vez no ano passado durante a The Game Awards 2020 já está disponível para PC (via Steam, Epic Games Store e GOG) e Nintendo Switch. Embarcamos no enredo do game e contamos o que achamos dessa nossa aventura!

O jogo se passa no verão de 96 e conta a história de um adolescente que quer fugir de Petria, uma nação onde os cidadãos sofrem nas mãos de um governo opressor. Só por essa introdução já dá pra saber que o game é bem diferente do que estamos acostumados a ver, certo? Exato! Durante a sua jornada para a fronteira, você irá percorrer diferentes estradas e será levado para um elenco mais diversificado possível com personagens com motivações diferentes e histórias que aos poucos se entrelaçam. Então concluindo essa rápida ‘sinopse’ sobre o game, também podemos perceber que não se trata de um jogo linear, muito longe disso! Suas escolhas e caminhos traçarão o restante do seu trajeto.

Os jogos gerados desse tipo são excelentes para oferecer constantemente aos jogadores algo único, garantindo que dois amigos, por exemplo, não tenham uma experiência idêntica e possam trocar ‘figurinhas’ de como sua história começou, eu particularmente acho que todos os jogos deveriam ser assim, pois me dá uma sensação de maior liberdade e de que eu estou totalmente no controle. No entanto, é essa aleatoriedade completa que muitas vezes pode limitar o que um jogo pode fazer narrativamente. Até mesmo pode limitar ou impossibilitar uma sequencia. Em ROAD 96, a Digixart oferece um jogo profundamente guiado pela história que também se beneficia de sua mecânica de geração procedural.

Sobre “a cereja do bolo” que é a mecânica do jogo, eu fiquei realmente impressionado com como as estradas são geradas processualmente e com o quão bem todas essas histórias individuais dos caminhos e personagens se encontram. Todos esses personagens tem muito a oferecer e passar um tempo a mais com cada um para aprender sobre eles é muito recompensador, pelo menos é a sensação que me passou. Durante o game, a sensação de que você está realmente viajando pelo país é vívida e presente em quase todos os momentos do jogo, seja pelos seus encontros aleatórios ou até mesmo pelos diálogos de estradas que passam de baboseiras desnecessárias a conversas mais profundas sobre a vida e são esses pequenos detalhes que te prendem na história e te faz querer ir sempre mais além.

Outro destaque que preciso citar é a tela de progressão do game que nos passa mais detalhes também sobre a sua progressão e te mostra a quantos quilômetros você está de chegar à fronteira, assim como mostra um pouco sobre como está a suas relações com os personagens que você encontrou no caminho até aquele momento.

Como já é conhecido de quem curte jogos deste estilo, todas as suas decisões tem um grande impacto na narrativa do ROAD 96, até pequenos gestos que podem desencadear problemas (ou resoluções) que podem impactar drasticamente o desenrolar da sua jornada, assim como pode não causar um impacto tão grande e esse é o maior charme dos jogos deste estilo pra mim, aquela curiosidade que você fica em pensar: – O que aconteceria se eu tivesse escolhido aquela outra opção? O que isso mudaria no meu destino?

Além de gerenciamento de recursos e dinheiro, ROAD 96 combina uma variedade de elementos de jogabilidade diferentes por meio de minigames. Quer você esteja jogando um jogo de ritmo para usar um instrumento, enfrentando alguém em um jogo de mesa ou jogando um jogo clássico de fliperama, o game oferece aos jogadores um pouco de tudo e esse é outro ponto muito positivo do game e eleva muito a diversão.

Outro ponto muito rico e positivo do game é a excelente biblioteca de música do jogo! Óbvio que isso não poderia faltar em uma longa viagem pela estrada e em ROAD 96, as canções, pelo que puder pesquisar, foram feitas por artistas reais e cuidadosamente escolhidas para compor a trilha sonora do game em diversos momentos, claro que a trilha sonora é inspirada em músicas que fizeram sucesso nos anos 90 – onde se passa o game – e é um importante elemento do jogo para te trazer pra dentro da vida do seu personagem.

O visual do game também é incrível e mostra o quanto um jogo indie pode te cativar visualmente sem que precise de gráficos realistas. A mistura entre cores e iluminação trazem ao game um clima único e algumas imagens em si podem ser muito bonitas de se ver, como a imagem de uma fogueira durante a noite, ou o pôr do sol no horizonte.

Vale a pena?

ROAD 96 é uma aventura viva e singular na qual você cruza e cria caminhos diferentes por conta própria e conhece personagens muito cativantes que vão marcar a sua experiência. Todos tem sua própria história e esses enredos se cruzam e se completam de forma incrivelmente bem feita e interessante. O jogo é artístico, profundo e viciante pois as inúmeras possibilidades te abrem leques de novas escolhas que em todos os momentos de fazem pensar: e se eu tivesse seguido por outro caminho? E esse é um dos pontos mais interessantes do game! Definitivamente, o jogo vale muito a pena. Eu levei algumas horas para chegar aos finalmentes e sem dúvidas jogarei novamente para descobrir o quão longe posso chegar com escolhas completamente diferentes e quanto isso poderá afetar no final da minha jornada. Tenho certeza que após jogar a primeira vez você também pensará em fazer isso.