Review – SCUM
SCUM chegou em sua versão de lançamento para os amantes de sobrevivência e muita ação.

SCUM chega com uma proposta ousada e diferente entre os já tradicionais jogos de sobrevivência em mundo aberto. A premissa já chama atenção: um reality show brutal, criado por TEC1, transforma prisioneiros em protagonistas de uma disputa sangrenta, transmitida para uma audiência sedenta por violência. Neste cenário gigantesco, com 144 km² de possibilidades, sobreviver depende tanto de improviso quanto de estratégia — e o resultado inicial é uma experiência tão promissora quanto instável, marcada por detalhes ímpares e algumas barreiras típicas de jogos do gênero.

Sistema de Personagem e Customização
Desde o início, fica claro que a equipe responsável por SCUM tem ambições acima da média. A customização de personagem, embora limitada visualmente, apresenta opções profundas em elementos de RPG. É possível ajustar força, constituição, destreza e inteligência, tudo baseado em traços físicos e até pela idade do prisioneiro escolhido. Cada decisão pesa: personagens mais velhos, por exemplo, são fisicamente menos eficientes, mas podem ter vantagens em outros atributos. Agora com acesso à versão final do jogo, já existem mais variações e mais equilíbrio entre as possibilidades — inclusive com a inclusão de personagens femininas, uma atualização muito solicitada pela comunidade e que amplia a variedade.
A distribuição dos atributos desencadeia escolhas interessantes, já que definem onde investir pontos iniciais — seja em armas brancas, manejo de armas de fogo, técnicas de sobrevivência e até furtividade. Esse sistema garante que cada prisioneiro tenha uma experiência singular já nos primeiros minutos de jogo.
Primeiros Passos: Exploração e Adaptação
Ao iniciar a aventura, você aparece em um ponto aleatório do mapa, e logo percebe a grandiosidade do universo de SCUM. A travessia é lenta e desafiante, reforçando o realismo — ausência total de veículos no início deixa claro que a sensação de vulnerabilidade é intencional. Sobreviver nos primeiros momentos não depende só de correr e procurar abrigos, mas também de entender as ameaças do ambiente: criaturas zumbificadas (os “puppets”) e mechs gigantescos circulam áreas importantes, oferecendo perigo real, mas com padrões facilmente descobertos após alguma prática.

O ciclo inicial de fome, frio, ferimentos e exposição à hostilidade do ambiente pode ser avassalador. Morri várias vezes nas primeiras tentativas, enfrentando desde emboscadas de inimigos até dificuldades em encontrar comida ou abrigo. É um jogo que faz questão de forçar o aprendizado com derrotas, mas, depois de dominar as mecânicas básicas, a sobrevivência se torna gradativamente menos implacável — especialmente no modo solo, onde a ameaça dos inimigos mecânicos e puppets rapidamente se torna previsível.
Ambiente e Desafios de Sobrevivência
Embora o mundo de SCUM seja imenso, os diferentes locais para explorar acabam, de início, parecendo um pouco repetitivos. Os interiores e loot carecem de variedade, e, uma vez entendido o padrão dos inimigos, parte do senso de urgência diminui. Os mechs, por sua vez, são mortais, mas após decifrar seu comportamento tornam-se obstáculos calculáveis e até fáceis de contornar.
A coleta, fundamental para qualquer sobrevivente, coloca o jogador em busca constante por pedras, galhos, comida e água. Inicialmente, armas e munições são raríssimos, então ferramentas improvisadas são vitais. O sistema de crafting foi aprimorado desde as primeiras versões: agora, há mais opções e maior aprofundamento, embora, para quem busca criar bases muito elaboradas, ainda haja algum espaço para evolução.
Metabolismo e Realismo
O que realmente diferencia SCUM dos concorrentes é o complexo sistema de metabolismo. O jogo rastreia dezenas de indicadores fisiológicos: calorias ingeridas, quantidade de dentes, frequência cardíaca, índice de gordura, massa muscular, nutrientes, hidratação, até mesmo necessidades fisiológicas. Quem quer extrair o máximo de desempenho do personagem precisa monitorar o que consome e como gasta energia. É uma obsessão pelo realismo raramente vista em outros títulos do gênero e que recompensa jogadores atentos ao detalhe.

Multiplayer, Competição e Sobrevivência Social
A verdadeira essência de SCUM é revelada nas partidas multijogador. Servidores para até 64 jogadores mudam completamente a dinâmica, especialmente diante de ameaças imprevisíveis dos outros prisioneiros. A tensão de ser alvejado à distância, cercado durante uma coleta, ou surpreendido por grupos organizados, transforma o que seria uma experiência repetitiva em um verdadeiro campo de batalha social.
Elementos como o sistema de pontos de fama entram em cena aqui, trazendo propósito. Toda ação gera fama, usada para escolher onde é possível renascer após a morte — e, claro, serve como status entre jogadores, provando sua capacidade e perseverança diante da crueldade do reality show.
Desempenho e Perspectiva Técnica
Com o lançamento oficial, o desempenho de SCUM melhorou consideravelmente em relação ao tempo de acesso antecipado, mas o jogo ainda exige um certo poder de hardware para aproveitar todas as configurações gráficas no máximo. Elementos como estabilidade dos servidores e bugs pontuais ainda aparecem, mas a experiência geral está muito mais polida, e o estúdio demonstra um compromisso contínuo com melhorias e novidades para a comunidade.

Por outro lado, as limitações técnicas e falta de conteúdo mais robusto — como crafting ultraavançado e maior variedade em loot e ambientes — podem afastar jogadores menos pacientes ou que buscam experiências completíssimas já no primeiro momento. Ainda assim, sempre há a promessa de updates e eventos regulares, tornando o ciclo de vida do jogo bastante interessante.
Vale a pena?
Agora finalmente lançado em versão final, SCUM é uma aposta sólida para fãs hardcore de jogos de sobrevivência em open world, principalmente por seu comprometimento extremo com o realismo e as múltiplas camadas de personalização de personagem. O destaque está nos servidores online, que maximizam a sensação de competição e imprevisibilidade. Por outro lado, limitações em crafting e ambientes ainda podem ser notadas por quem espera um sandbox com liberdade total.
Se você já gosta do gênero e aprecia evolução contínua e risco real, vale muito experimentar. Se espera um game 100% consolidado em cada aspecto, talvez seja interessante acompanhar as próximas atualizações antes de mergulhar de cabeça. De toda forma, SCUM se firma como uma das apostas mais interessantes para quem procura sobrevivência com realismo acima do padrão e grandes emoções nas interações online.