21 de Novembro de 2024
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REVIEW | TALES OF ARISE

Um novo – e muito bem-vindo – game da franquia Tale of.

  • setembro 28, 2021
  • 8 min read
REVIEW | TALES OF ARISE

Durante muito tempo a série “Tales of” da Bandai Namco alimentou os fãs de um bom JRPG e de fato, eu considero Tales of Symphonia um dos melhores jogos do gênero, claro que ao lado de grandes clássicos que joguei na minha infância como Chrono Trigger, alguns dos Final Fantasy’s, etc. Os JRPG sempre são inconfundíveis, carregam elementos únicos e que ao mesmo tempo lembram muitos outros jogos, então para ser fã deste gênero você precisa aceitar que em alguns momentos, você irá ‘lembrar’ de um jogo ou de outro. Tales of Arise, talvez seja o jogo que eu menos tive essa impressão, mas claro que alguns elementos são diretamente ligados a outros games da franquia que marcou uma década e continua a avançar, obviamente que os desenvolvedores não iriam desistir de uma ‘fórmula’ que tanto deu certo no passado.

Tales of Arise é a primeira investida da série desde 2016 e traz a franquia para um novo domínio técnico com o salto para a Unreal Engine 4. Quando anunciado, e após alguns adiamentos eu fiquei meio apreensivo, pois achava que isso era sinônimo de problemas, mas se realmente eram, os adiamentos foram suficientes para corrigi-los ou me mostrar que eu estava errado. Definitivamente, Tales of Arise é uma nova e inovadora reinvenção da franquia que valeu a pena esperar cinco anos.

O Enredo

Tales of Arise mistura uma aventura de fantasia com um épico de ficção científica extenso. Situado em um mundo no qual o império espacial tecnologicamente avançado do planeta Rena conquistou e subjugou o reino medieval mais fraco do planeta Dahna. Nosso protagonista é Alphen, que começa a história com um caso desagradável de amnésia, comum em animes, né? rsrs Ele é um escravo Dahna que não sente dor e tem uma misteriosa máscara de ferro colada no rosto. Ele não tem certeza do porquê de qualquer uma dessas coisas que acontecem com ele, mas tem a certeza de que pretende fazer algo maior do que desperdiçar a sua vida a servir – então, quando ele encontra a misteriosa fugitiva Shionne nascida em Rena e uma equipe de lutadores pela liberdade a rastreando, ele traça um novo destino para a sua existência.

O que a seguir é uma vasta história cheia de plost twists e ambigüidades morais que você esperaria de um jogo Tales of, mas tudo é feito com um nível surpreendente de sutileza, nada é tão escrachado e isso me fez ver o quanto o pessoal que escreve a história desses jogos podem criar uma experiência totalmente diferente nos JRPGs, algo que difere esse tipo de jogos de outros games do mesmo estilo mas que opta por entregar tudo de bandeja. Muitos desses elementos do roteiro de Tales of Arise me fascinou, mas o tempo e o espaço que os personagens recebem para crescer e se desenvolver realmente me surpreendeu. Personagens de Tales of às vezes podem parecer arquétipos de anime superficiais como aqueles animes que ganham grande destaque entre as crianças por ter mais personalidade do que uma história profunda, felizmente, Tale of Arise foge disso. Os personagens do game tem elementos JRPG familiares em suas personalidades – o herói que esqueceu dos seus propósitos e busca justiça, a princesa temperamental – mas onde eles começam e onde terminam é muito diferente de tudo o que vimos anteriormente.

O Combate

O combate funciona de forma semelhante aos jogos anteriores, lançando seu grupo de 4 personagens escolhidos para lutar sempre que você topar com inimigos no mundo superior 3D. As batalhas reais, entretanto, são muito mais rápidas e frenéticas em Arise. Uma grande mudança é o novo foco na esquiva e, embora o momento certo para usá-la possa ser um pouco difícil de aprender, fugir dos ataques inimigos é a chave para evitar danos e complicações maiores durante a luta. Além disso, a esquiva te recompensa com oportunidades de contra-ataque e grandes aumentos nas barras de energia nas quais seus ataques especiais são executados. Assim que eu consegui lidar com a esquiva, tudo ficou mais fácil e fiquei viciado em atrair ataques inimigos e disparar contra-ataques, ou encontrar os combos mais eficientes para cada inimigo.

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Em Tales of Arise, suas Artes de ataque especial não são mais puxadas de um medidor de MP – elas dependem de um medidor de artes de recarga constante. Da mesma forma, os novos Boost Attacks, que permitem que você chame qualquer um de seus personagens recrutados para um ataque de suporte, carrega lentamente com o tempo. Seus vários ataques especiais e padrão podem ser combinados com inteligência em combos massivos, e quando você pensa na maneira ideal de reunir todas essas habilidades, as possibilidades em combate são quase ilimitadas. O combate não é isento de falhas – leva um tempo para a esquiva realmente virar parte da sua gameplay “orgânica”, e alguns inimigos maiores podem causar danos excessivos – mas as batalhas ainda são divertidas e animadoras do início ao fim. Conforme você avança no jogo, seu grupo cresce, suas opções de ataque especiais aumentam, você sempre tem a impressão de que tem algo novo para fazer nas batalhas e isso é incrível.

Alguns dos sistemas de jogo auxiliares de dentro e fora de combate também tiveram mudanças significativas que melhoraram e muito a experiência geral da gameplay, como foi o caso do medidor de pontos de cura. Ele funciona assim: Quaisquer feitiços ou itens de cura que você usar em seu grupo drenam o medidor, e ele só pode ser reabastecido consumindo itens especiais ou descansando em lugares como estalagens e fogueiras. É um sistema estranho para entender no início, mas adiciona um desafio bem-vindo para lutas de chefes e masmorras longas. Além disso, ele o incentiva a visitar regularmente fogueiras, que é onde você cozinhará refeições para aumentar as estatísticas do seu grupo e ver muitas das ‘esquetes’ de interação com o grupo caprichosas pelas quais a série é conhecida.

Os Gráficos, Design e Sound Design

A estética no geral é outro dos pilares da experiência familiar de Tales of, embora tenham ocorrido mudanças por conta até mesmo da nova engine usada em Tales of Arise o que fizeram me surpreendeu bastante. O que posso fazer pra explicar é ser bem simples e direto ao ponto, os gráficos melhoraram muito em relação ao último lançamento, em 2016, mas ainda assim te passa a impressão de um jogo Tales of, em definitivo, o jogo é uma grande atualização visual em relação aos jogos anteriores – e em relação a muitos JRPGs modernos em geral. Eu sempre sinto que o que mais falta nos JRPGs é arte ambiental detalhada, mas os mundos e locais que você explora no jogo Tales of Arise são de cair o queixo, muito bonitos no geral.

Seus arredores e os personagens que os habitam são todos renderizados em um novo estilo de arte nítido e polido que combina visuais clássicos de anime com renderização e iluminação de alto nível moderno que eu não via desde Dragon Quest XI. As cutscenes em que sua câmera aproxima do seu personagem ao mesmo tempo em que ele anda, dando um foco maior no cenário, por exemplo, é perfeito pois mostra um mundo vivo e uma experiência vívida.

A trilha sonora e o sound design é uma experiência a parte, incrível e envolvente, embora o jogo tenha dublagem em inglês e japonês eu preferi jogar no idioma original (japonês) para me aproximar mais da experiência de assistir a um anime, e uma boa notícia para os fãs do Brasil é que o jogo está totalmente localizado para português do nosso país (interface e legendas), o que melhora muito o game para pessoas que não tem costume de jogar todo em inglês, por exemplo.

Vale a pena?

Com uma narrativa envolvente, jogabilidade renovada e visuais altamente atualizados, Tales of Arise é o início de um novo capítulo emocionante para a série. Enquanto séries de longa duração geralmente se reinventam de uma maneira que parece relativamente simples ou inexistente, apoiando-se na promessa de melhorias futuras, Tales of Arise passa uma segurança logo no seu lançamento. Ele oferece tudo o que você esperaria de uma sequência de um jogo de cinco anos em construção. É um grande e envolvente onde você passará horas jogando sem ver essas horas passarem, e é também um avanço incrivel para a série que, com sorte, levará a coisas ainda maiores e ainda melhores no futuro.

About Author

Raul Constantino

Jornalista e professor de comunicação. Eu falo muito de bonecos. Since 1986.