Review – The First Berserker: Khazan
Poucos títulos na cena dos soulslike recente conseguiram gerar tanta expectativa quanto The First Berserker: Khazan. Desenvolvida pela Neople, famosa pelo sucesso de Dungeon Fighter Online, a obra mergulha o jogador em uma jornada de autodescoberta, traição e redenção, com um universo visualmente inconfundível, combate denso e uma curva de aprendizado que não perdoa. Em […]

Poucos títulos na cena dos soulslike recente conseguiram gerar tanta expectativa quanto The First Berserker: Khazan. Desenvolvida pela Neople, famosa pelo sucesso de Dungeon Fighter Online, a obra mergulha o jogador em uma jornada de autodescoberta, traição e redenção, com um universo visualmente inconfundível, combate denso e uma curva de aprendizado que não perdoa. Em tempos em que muitos RPGs buscam acessibilidade, Khazan se mantém fiel ao princípio da dificuldade justa, atraindo veteranos e desafiando novos fãs.

Narrativa: Uma Queda e a Busca pela Verdade
Você assume o controle de Khazan, um ex-general do império Pell Los, banido após uma traição devastadora. Arrancado de sua posição e exilado em terras inóspitas, o protagonista segue em busca de respostas: quais motivos levaram ao seu exílio, quem esteve por trás do complô e se existe redenção após a queda. Diferente de muitos soulslike, a trama aqui é apresentada de maneira direta, pois o jogo é linear tanto em níveis quanto em narrativa, mantendo foco na experiência pessoal e na atmosfera opressora que cerca cada passo de Khazan.
Estrutura e Progresso: Linearidade ao Estilo Clássico
Ao contrário da moda recente de open worlds, Khazan segue um modelo clássico: há uma sequência de fases bem delimitadas e missões principais divididas em quatro regiões distintas, cada uma recheada de surpresas, armadilhas e chefões inesquecíveis. O progresso se dá por dezoito missões com chefes próprios, e ainda há encontros opcionais para quem busca aprimorar suas táticas e garantir recompensas extras. Nada de mapas gerados aleatoriamente nem de rotas infinitas – cada trecho é cuidadosamente balanceado para oferecer desafio genuíno e incentivar a repetição em busca de perfeição e novas combinações de builds.

Personalização, Builds e Skill Trees
O jogo acerta em cheio ao proporcionar ferramentas que permitem que cada jogador crie seu próprio caminho para a vitória. A árvore de habilidades se desbloqueia com o avanço, liberando combos únicos, ataques especiais e melhorias que afetam diretamente a postura de combate escolhida. A possibilidade de alocar pontos de atributos, combinar diferentes tipos de equipamento e experimentar habilidades exclusivas por arma mantêm a experiência renovada tanto em incursões iniciais quanto no New Game+.
Mecanicamente, Khazan oferece três estilos marcantes:
- Lâminas Duplas: Focadas em agilidade, permitem ataques rápidos, combos extensos e facilitam o parry devido ao menor consumo de estamina. Excelente para jogadores ofensivos e para embates onde mobilidade é chave.
- Espadão: A arma mais pesada da tríade. Embora lenta, causa dano devastador por golpe e tem amplo alcance. Exige paciência, timing preciso e economia de energia, sendo ideal para os que preferem estratégias de impacto e gostam de punir oponentes em janelas curtas de controle.
- Lança: Combina alcance generoso com velocidade intermediária. Brilha tanto contra grupos quanto em duelos com inimigos de movimentação rápida. Favorece abordagens táticas e é a preferida de muitos por permitir equilíbrios interessantes entre defesa e ataque.
A escolha da arma impacta não só o gameplay, mas todo o ritmo dos confrontos. Cada chefe, cada sala de inimigos, pede uma abordagem própria; experimentar diferentes builds é parte essencial do aprendizado.

Enfrentando Chefões e Domando a Dificuldade
A alma do soulslike pulsa nos duelos contra chefes, e Khazan entrega combates inesquecíveis. Cada boss tem padrões complexos e múltiplas fases. O design dos encontros faz com que os mini-inimigos sirvam, muitas vezes, de “tutorial vivo” para ataques e mecânicas dos chefes. Mas não se engane: apenas enfrentando a fera principal — e morrendo várias vezes — é que os padrões realmente entram na sua mente.
Mesmo assim, o jogo oferece alternativas de acessibilidade, como o modo fácil: tornando Khazan mais resistente e os danos recebidos mais leves, elimina parte da frustração para quem é novato no gênero. Aqui, porém, a escolha é definitiva e não pode ser revertida — uma decisão que mantém o espírito “sem concessões” tão emblemático da franquia soulslike.
Os chefes remetem à tradição de obras como Dark Souls e Sekiro: ataques telegráficos com janelas mínimas de reação, mudanças de fase radicais, e a necessidade de se adaptar a todo instante. O menor descuido é fatal.
Diversidade de Inimigos, Armadilhas e Ambiente
Um grande mérito do jogo é a diversidade do bestiário. Em cada área, inimigos apresentam padrões diferenciados, novos ataques e ameaças únicas. Salamandras com lâminas, mortos-vivos, demônios e formas monstruosas compõem o leque de opositores, forçando o jogador a estar sempre alerta. Os treasures e o design de armadilhas (com posicionamento traiçoeiro de inimigos, emboscadas e até elementos de susto) impedem que o game fique repetitivo.
O jogo ainda demonstra sensibilidade ao público ao incluir a “aranofobia mode”, convertendo aranhas em golems – um pequeno toque de cuidado que mostra atenção aos detalhes e ao conforto do jogador.

Estética: Entre Anime, Realismo e Sangue
Visualmente, The First Berserker: Khazan diferencia-se da concorrência ao fundir personagens em 3D com traços de anime, uso sutil de cel shading e ambientes realistas, ora frios, ora intensamente soturnos. A arte é marcante; não apenas em personagens, mas na reação visual de cada um aos impactos recebidos: cortes aparecem, sangue jorra nas batalhas contra monstros de grande porte e o cenário se transforma de acordo com as batalhas.
Jogar em diferentes modos gráficos — qualidade (com resolução máxima e leve variação de fps) e performance (fps estável de 60, essencial para precisão nos combates) — permite ao jogador priorizar visual ou responsividade, ambas características relevantes especialmente em duelos decisivos.
Comparando com Outros Soulslike
Khazan se vale de muitos elementos que consagraram jogos como Dark Souls, Bloodborne e Sekiro, mas com personalidade própria. Em vez de apostar em mundo aberto, trabalha com níveis fixos e repletos de segredos, evocando o dinamismo visto em Nioh e clássicos de Castlevania. Sua customização por builds remete à liberdade de Elden Ring, embora numa escala reduzida, enquanto a curva de aprendizado de cada chefe faz lembrar a pegada “tente e erre” de Sekiro.
Aliado ao visual único e à acessibilidade (sem perder o tato com o hardcore), Khazan se posiciona como alternativa legítima e inovadora entre os grandes do gênero.
Vale a pena?
The First Berserker: Khazan não só entrega o que promete, mas vai além. Seu ritmo de início lento logo se converte em ação viciante, variedade de builds, combates épicos e horas de suor e recompensa. A rejogabilidade é garantida tanto pelas opções de customização quanto pelos caminhos para dominar cada arma, tornando cada partida uma história diferente.
Se você busca um jogo que exige atenção, desenvoltura, aprendizado, e valoriza cada pequena vitória conquistada, Khazan é essencial. Seja veterano do soulslike ou fã em busca de algo inovador, este título merece um lugar de destaque na sua coleção.