REVIEW | WATCH DOGS: LEGION
Já pensou poder mergulhar numa Londres futurista onde você pudesse recrutar QUALQUER pessoa em sua frente?
É impossível falar de Watch Dogs: Legion sem lembrarmos dos dois primeiros jogos da franquia e como esses jogos revolucionaram o estilo trazendo uma liberdade cibernética e tecnologica que pouco víamos em outros games. É 2020 e chegamos ao terceiro game da franquia, onde a desenvolvedora continua apostando nesta premissa; um enredo direto, uma jogabilidade fluida, divertida e sem nada de vilões interplanetários ou poderes mágicos. Aqui, o seu poder é a tecnologia, o hacking e a sua estratégia se baseia não só no seu estilo de jogo mas também no estilo de jogo dos diversos personagens que podem cruzar o seu caminho. Mas, o que mais podemos falar de Watch Dogs: Legion?
Primeiro de tudo, eu começo a Review do game indicando o hardware que usei para essa análise: Devido a transição de geração, não tivemos a possibilidade de jogar nos consoles next-gen por enquanto, nesse caso, preferimos jogar a versão para PC, onde usamos uma RTX 2070 Super + i9 9900K e 16GB de Memória. Achei importante frisar o hardware, pois o game possui suporte a reflexos em Ray Tracing e ao NVIDIA DLSS.
Agora, entrando no jogo de fato, Legion me surpreendeu positivamente em muitos aspectos e um deles é uma dúvida que eu tinha assim que ele foi anunciado. No game, você poderá realmente recrutar qualquer NPC que esteja andando livremente pelo mapa? E a resposta é; sim! Ou seja, o jogo te permite uma infinidade de possibilidades das mais variadas que você possa imaginar e isso o torna pouco enjoativo na maioria das vezes e muito divertido, afinal, você nunca sabe com exatidão o que pode estar te aguardando. Enquanto você anda sem ou com rumo pelas ruas de Londres, o seu personagem pode pegar o celular a qualquer momento e olhar para um NPC que esteja próximo a você para rapidamente controlá-lo, o que te mostrará alguns traços variados do personagem escolhido, características peculiaridades e habilidades diversas. Essas características podem variar de extremamente poderosas a muito inúteis. Um pode ser um cliente fiel de uma loja, outro pode ter um carro sofisticado e veloz, outro pode ser bom em luta, etc.
Portanto, temos um sistema que gera nomes e personalidades aleatórias para cada NPC na cidade, mas o que realmente faz esse tal sistema inteligente chamar a atenção são as narrativas que podem surgir simplesmente por meio do envolvimento com sua mecânica. É importante ressaltar que você não pode simplesmente recrutar alguém na rua com um propósito que esteja acima ao dele(a), eles invariavelmente vão querer que você faça algo por eles antes de você poder seguir sua missão.
Iniciar o processo de recrutamento sempre o enviará por uma série de missões que podem levar ao roubo de carros, falsificação de passaportes, resgate de pessoas sequestradas, talvez até mesmo uma perseguição de carro. E embora esses tipos de missão comece a se repetir mais cedo do que eu gostaria, Watch Dogs: Legion varia absurdamente mais do que o suficiente para garantir que você queira fazê-las todas as vezes, sem se cansar repetindo a mesma missão exageradamente.
Ainda falando sobre as multiplas possibilidades de personagens que o jogo te entrega, há um modo opcional de morte permanente, no qual isso significará que os personagens recrutados por você não reaparecem, eles só morrerão e você deverá continuar com outro personagem. Eu, particularmente achei essa ideia muito legal e necessária para trazer ainda mais realismo para a sua jogatina, até porque essa parece a principal premissa do game; ser realista até onde der.
Já o enredo geral talvez seja a parte menos interessante do jogo e isso é realmente uma pena para um game tão fascinante e diferente, eu digo isso sobre o enredo, pois Watch Dogs: Legion apresenta uma história genérica de uma resistência que leva a sua luta contra um regime autoritário totalmente corrupto. Algo como vimos em algumas obras em outros tipos de mídia, como na série Mr. Robot, por exemplo. Ao mesmo tempo que digo isso, posso dizer também que quase parece uma série de antologia. As cenas de história são bem apresentadas, mas algumas partes do enredo principal parece se perder e não trazer tanta emoção como eu gostaria. Ainda sim, eu não desmereço nem posso tirar o mérito da equipe de desenvolvedores por isso, ainda sim eles fizeram um trabalho excepcional e essa ‘confusão’ no enredo é entendível por conta de tamanha pretensão que o jogo tem.
Visualmente, Watch Dogs: Legion mostra que deu mais um passo para a evolução que já havíamos visto do primeiro game para o segundo. O que era de se esperar, levando em consideração o salto de geração que já cansamos de falar por aqui e os hardwares mais avançados, mas não só a qualidade gráfica que chama atenção e sim toda a fotografia do game e a forma como os desenvolvedores apresentaram uma Londres futurísta sem exagerar muito no que provavelmente veremos daqui a uns anos andando pelas ruas, ou seja, a visão da “Londres do futuro” é apresentada com uma notável restrição. A arquitetura, a moda, a tecnologia e o estilo de tudo ao seu redor realmente parece evoluções lógicas das coisas que existem hoje.
Vale a Pena?
Watch Dogs: Legion é um jogo que visa a imersão e na maioria das vezes até consegue entregar isso aos seus jogadores, porém, essa imersão na qual eu falo é estritamente voltada a sua jogabilidade e possibilidades dentro do game. Claramente, Watch Dogs não é um jogo no qual a história principal deveria ficar em segundo plano, mas infelizmente o enredo principal foi muito menos impactante do que a ideia do gameplay que ao nosso ver. Poder recrutar literalmente qualquer NPC do jogo foi uma das coisas mais revolucionárias nas quais experimentamos até agora, levando em consideração o mar de possibilidades que o jogo te entrega. O que eu quero dizer com isso é que embora o enredo não tenha sido tão legal ao nosso ver, o jogo em si vale muito a pena ser jogado, pois marca o início de uma geração na qual os jogos se tornarão cada vez mais inteligentes e certamente muito outros desenvolvedores tirarão Watch Dogs: Legion como uma referência para o futuro, seja de sua ideia promissora ou de suas multiplas facetas super pretensiosas. Legion tem uma clara referência a games nos quais são muito queridos pelo público, como GTA V e Deus Ex e eu só consigo imaginar o quão grande esse jogo ainda pode ser com futuras atualziaçãos de história e DLC.
Eu peço encarecidamente para os desenvolvedores e para a Ubisoft que não desista do investimento aqui, pois eu tenho certeza que Legion tem um caminho incrível pela frente. E se você, player, ainda está em dúvida entre embarcar em Watch Dogs: Legion ou não, eu devo reforçar que apesar dos pontos negativos os quais citamos na análise, provavelmente nenhum deles anulará a sua diversão dentro do game.