21 de Novembro de 2024
Críticas

CRITICA | Os Parças, filme do diretor de Cine Holliúdy

Qual a fórmula para conseguir uma ótima bilheteria em um filme nacional? Pegue youtubers do momento e adicione o maior influenciador do Brasil. Coloque pitadas de piadas soltas e forçadas. Reserve. Acrescente humoristas de várias gerações, clichês à gosto e bastantes personagens estereotipados. Pronto. Certamente, “Os Parças” vai levar milhares de consumidores do YouTube às salas de cinema, a […]

  • novembro 28, 2017
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CRITICA | Os Parças, filme do diretor de Cine Holliúdy

Qual a fórmula para conseguir uma ótima bilheteria em um filme nacional? Pegue youtubers do momento e adicione o maior influenciador do Brasil. Coloque pitadas de piadas soltas e forçadas. Reserve. Acrescente humoristas de várias gerações, clichês à gosto e bastantes personagens estereotipados. Pronto. Certamente, “Os Parças” vai levar milhares de consumidores do YouTube às salas de cinema, a partir desta quinta-feira, 30 de novembro.

O roteiro do filme é assinado por Cláudio Torres Gonzaga – responsável por vários trabalhos para televisão, entre eles o Zorra Total – e a direção ficou por conta de Halder Gomes, conhecido por comédias bem populares como Cine Holliúdy e Shaolin do Sertão.

“Os Parças” conta a história de Toinho (Tom Cavalcante)Ray Van (Whindersson Nunes), Pilôra (Tirullipa) e Romeu (Bruno de Luca), que ganham a vida nas imediações do Centro Popular de São Paulo. Após uma confusão, os quatros se encontram no escritório do trambiqueiro Mário (Oscar Magrini) que havia acabado de abrir uma agência de casamento e se compromete fazer uma festa dos sonhos para Cinthia (Paloma Bernardi), filha do perigoso contrabandista Vacário (Taumaturgo Ferreira).

A partir daí o que se vê são esquetes, que misturam o humor atual feito no Youtube com algumas piadas totalmente soltas do roteiro, padrão “Zorra Total”. Há o momento da prova do vestido, outro da degustação do buffet, assim como a prova das bebidas, despedida de solteiro… Enfim, são quadros feitos para explorar a imagem, dando o protagonismo para a dupla que é sucesso na internet, Tirulipa e Whindersson. Se uma ou outra cena fosse retirado do filme, não faria falta nenhuma para o entendimento da trama.

Ao ver o filme, a impressão que dá é que houve uma inversão no processo de produção do longa. Geralmente, o ciclo natural parte de uma história, que gera um roteiro e os personagens e então começam os testes ou convites para formação do elenco. Em “Os Parças”, parece que foi completamente o oposto. Primeiro foi definida a participação dos humoristas, depois foram criados personagens específicos para cada um deles (e nada que os fizessem sair de sua zona de conforto) e, só então, foram tentar unir o que já tinham em um enredo que gerasse um filme.

Essa inversão se mostra tão perceptível quando você sai da sala de cinema sem nem lembrar os nomes dos personagens. No filme, o Tirulipa é o TirulipaWhindersson está como o Whindersson e o Tom Cavalcante interpreta o Tom Cavalcante. Cada um tenta mostrar o que tem de melhor, que considero aqui como aquilo que mais agrada o seu público.

Sobre o Tirulipa, ele já começa o filme, desde a primeira cena, com suas caras e bocas extremamente exageradas. Ele não dá tempo para o público se acostumar com o personagem. Já o Whindersson, parece estar tímido e perdido no papel, principalmente nas cenas que exigem um pouco mais de atuação e não apenas as performances caricatas típicas do humorista.

Tom Cavalcante segue explorando as suas imitações, já desatualizadas, como a do tão batido Fábio Jr e Bruno de Luca consegue se apagar entre os outros integrantes do grupo, dando a impressão que foi chamado apenas para preencher o buraco do “romance clichê” na história.

Os demais personagens – assim como os quatro citados acima – são todos extremamente estereotipados até enraizados em alguns preconceitos. E, entre elenco e participações, temos nomes “interessantes” como Wesley Safadão e Neymar, que mostram a preocupação que os produtores deram à venda do filme.

Enfim, o filme é para quem segue, gosta e acompanha o trabalho dos humoristas. O público vai ver na telona o que eles assistem nas redes sociais. Se você não gosta ou não conhece, passe longe das salas que vão exibir o longa. Se você não é fã, mas acompanha de longe e, vez ou outra, encontra uma graça do trabalho deles, espera um pouco e assista em casa mesmo. Não é filme para se ver em tela grande. Para alguns, na verdade, não é filme para se ver em lugar nenhum.

https://www.youtube.com/watch?v=-PxC8RtzBUw

NOTA: 6,5

primepass_logo_vetor-1Esta crítica foi um oferecimento Primepass.

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Rodrigo Medina