Resenha | Documentário “Prezado Sr. Watterson”
O documentário “Prezado Sr. Watterson” foi feito por fãs do homem por trás de uma das maiores histórias em quadrinhos de todos os tempos: Calvin e Haroldo. Ele começa com declarações de fãs e admiradores afirmando seu amor pela obra. Calvin e Haroldo é o tipo de história atemporal, nunca fica velho e chato, e […]
O documentário “Prezado Sr. Watterson” foi feito por fãs do homem por trás de uma das maiores histórias em quadrinhos de todos os tempos: Calvin e Haroldo.
Ele começa com declarações de fãs e admiradores afirmando seu amor pela obra. Calvin e Haroldo é o tipo de história atemporal, nunca fica velho e chato, e você não precisa de um contexto histórico para entender, é apenas uma criança de 6 anos e seu leal amigo, o tigre Haroldo. As histórias passaram de geração para geração, avós, pais e filhos leem juntos, é algo que fica com você mesmo em sua fase adulta, sempre colocando um sorriso em seu rosto.
As histórias que lemos são incrivelmente simples e profundas, Calvin aborda questões de relacionamentos, críticas sociais, filosofia e o comportamento humano com muito humor e ironia.
Bill Watterson influenciou toda uma nova geração de cartunistas e em todas as áreas, seja no desenho ou na escrita. É simplesmente o mestre e sua arte, trazendo de volta o que muitos desejam em seu processo de criação: liberdade da criatividade de sua obra.
É impressionante observar o processo inicial até arte final das histórias publicadas nos jornais. No começo do século XX, a arte das histórias em quadrinhos eram muito expostas nos jornais, páginas inteiras eram deixadas para os escritores, mas isso foi cada vez mais diminuindo. Bill foi um dos últimos que conseguiram este privilégio (merecido, por sinal). Nos dias de hoje muitos têm que se virar para contar uma história com um espaço de três quadrinhos nos jornais.
Apesar de ganhar dezenas de prêmios e milhões de fãs por todo o mundo (já vendeu mais de 45 milhões de livros só nos EUA), o autor, extremamente tímido e introvertido não abriu mão do controle total de sua obra e não aceitou licenciar nenhum produto de seus personagens, desistindo de milhões de dólares (e talvez bilhões em longo prazo) oferecidos por corporações como a Disney e George Lucas (criador de Star Wars e Indiana Jones).
Algo muito inesperado de um estadunidense, Mr. Watterson tinha uma visão muito clara e crítica sobre a merchandising de seus personagens, de como isso podia mudar a sua visão e arte, coisa que ele absolutamente nunca quis, pois o personagem vira um pastor de igreja em uma situação como essa, seria algo que você não pode escapar, ao invés de ser algo que você deseja. Como no exemplo mostrado sobre a mercadoria do Garfield e Snoopy, eles estão em todos os lugares.
Confesso que essas escolhas de Bill Watterson fizeram com que eu o admirasse mais ainda, apesar de sempre ter desejado ter um tigre de pelúcia do Haroldo, essa dupla sempre será meus queridos amigos de infância, eu nunca vou sentir a decepção de ver Calvin e/ou Haroldo em um comercial na TV querendo me vender um celular ou algo do tipo. A pureza dos personagens vai se manter intacta para sempre.
Obrigada, Mr. Watterson.