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Cinema

A Chegada | Crítica

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“A Chegada”, filme de Denis Villeneuve, estrelando Amy Adams, Jeremy Renner e Forest Whitaker, é um bálsamo de cérebro em um ano tão repleto de filmes que reciclam conteúdos antigos. Com temas provocativos sobre a própria existência e natureza humanas, empacotado em uma cinematografia superior e com atuações ótimas, o filme de fato é um dos melhores do ano – e um dos melhores do gênero das últimas décadas.

O roteiro de Eric Heisserer narra a história de como o primeiro contato com uma raça alienígena se dá na Terra, a partir do momento em que 12 naves chegam ao planeta, em várias nações e estilos de vida. Contado a partir do ponto de vista da linguista Louise Banks (Amy Adams, excelente), o filme flui através das descobertas que ela, o cientista Ian Donnelly (Jeremy Renner, contido, preciso) e o coronel Weber (Forest Whitaker), vão realizando, culminando em um grande desfecho. Falar qualquer coisa além disso seria um crime ao espectador. E aviso: evitem ler qualquer artigo na internet sobre o filme: muito do encanto de “A Chegada” vem da descoberta, da investigação e do debate.

Os aspectos técnicos do filme são de fato primorosos, em especial a trilha sonora e efeitos de som. Existem várias situações onde o que o espectador escute se confunde com o que os personagens estão experimentando, em uma sensação de imersão que só me recordo de ter em alguns filmes de David Lynch. É aquela sensação de que estamos juntos, para o bem ou para o mal, daquelas pessoas em cada tensa situação. Os aspectos visuais não ficam para trás: medidos e sem excessos, não se deslumbram pela chance de mostrar naves, alienígenas e outras firulas. Não é pelos efeitos que estamos ali; eles se configuram como elementos da narrativa, nada mais, nada menos.

O grande tema do filme são as discussões filosóficas que ele provoca. Há três principais temas que se entrelaçam e convergem, em um ambicioso debate moral que, felizmente, culmina em um desfecho que não somente faz sentido lógico, mas principalmente desperta o debate quando se sai da sala de projeção.

O primeiro e mais óbvio: qual o impacto que um idioma tem em sua população e vice-versa? Quanto da forma de pensar de um povo gera o seu conjunto de ferramentas de comunicação e quanto o inverso também é verdadeiro. Em suma, quando que a forma de se comunicar norteia a forma de pensar e, a partir daí, a forma de agir de um povo?

O segundo, que decorre do primeiro: qual a dificuldade dos homens de se comunicar entre si? E, sabendo que temos uma gama de idiomas na Terra, podemos de fato nos considerar uma raça? Ou será que somente quando nos unirmos em comunicação (menos no termo ferramental, e mais no tema de disposição para tanto) realmente poderemos nos chamar de raça humana – e ter orgulho e direção quanto a isso?

O terceiro e mais provocativo: o que buscamos da nossa jornada na Terra e na vida? Será que são desfechos felizes e completos, com um presente ao final, a certeza de que tudo termina bem? Ou, apesar das dificuldades, perdas e dores, saber que a jornada foi importante e que, apesar de tudo, entre erros e acertos, valeu a pena? Buscamos a plenitude no final feliz ou na jornada completa?

São perguntas que me perseguem enquanto escrevo essa crítica. Mas como o filme advoga, menos do que chegarmos à uma conclusão sobre elas, o que realmente vale é pensarmos e falarmos sobre elas. Afinal, se não o fizermos, qual é o ponto de estarmos aqui?

Quadrinhos, séries e filmes são meu principal hobby e necessidade básica do dia-a-dia! Jogador velhaco de videogame, especialmente Nintendo (por mais que isso seja difícil às vezes!). Provavelmente o maior fã de Marvel que você conhece!

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