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Por que nem todos os personagens da MARVEL podem aparecer no mesmo filme?

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os direitos dos filmes da marvel

Os Direitos dos filmes da Marvel sempre geram dúvidas. Em especial por que, ao longo das próximas semanas, os cofres da Casa das Idéias ficarão mais cheios com os milhões e bilhões de dólares da bilheteria de Capitão América: Guerra Civil. Mas essa fase de ouro do cinema para a Marvel Studios não existiu sempre. Na verdade, sua atual saúde financeira, agora apoiada baixo as asas do mega-conglomerado da Disney, já foi muito diferente. E daquele estágio quase que fatal surgiu um dos temas que mais gera confusão para os fãs de quadrinhos. Esse post vai explicar elementos chave desse passado, como eles nortearam as discussões de direitos na época e como está hoje essa distribuição do universo Marvel cinematográfico.

O tal do capítulo 11 da Marvel

Ao contrário do que possa parecer um pedaço de saga, ou mesmo o nome misterioso de alguma dimensão visitada pelo Doutor Estranho, capítulo 11 (ou chapter 11) é o termo técnico no processo de crédito dos EUA para uma empresa que busca proteção contra falência. Funciona assim: quando uma empresa acha que não vai ter dinheiro para pagar suas dívidas, ele pede um “pause” aos seus credores para se organizar. E o que tem isso a ver com a Marvel? Bom, no início dos anos 2000, após uma série de decisões erradas, a poderosa Marvel teve que fazer justamente isso. Parar as máquinas, arrumar a Casa das Idéias e se reinventar.

Os motivos para essa sinuca foram vários, mas podem ser resumidos a dois principais pontos. Os grupos que controlavam a Marvel na época fizeram várias aquisições de outras empresas, colocando a dívida dessas compras embaixo da própria Marvel. É como se os Vingadores comprassem as patentes do Quarteto Fantástico, mas colocassem essa dívida para o pessoal do edifício Baxter pagar. Poderia até ter dado certo, mas essas empresas compradas não acabaram dando o dinheiro imaginado e, bom, foi quase tudo parar na Zona Negativa.

O outro grande problema foi uma grande implosão do mercado de quadrinhos – o arroz com feijão da empresa Marvel – nesses mesmo anos. Colecionadores de quadrinhos na época viam o valor das edições subir no mercado das comic shops (leia nosso artigo sobre esse tema aqui no site), uma vez que a demanda por edições antigas crescia. Par aproveitar da tendência, a Marvel passou a lançar várias capas das mesmas edições, buscando com que os colecionadores gastassem mais para o que era, essencialmente, a mesma estória. Funcionou por um tempo. Mas eventualmente os colecionadores viram que o aumento de preço não era real, que aquelas edições nunca seriam revendidas. E toda a estrutura montada para vender aquela quantidade de quadrinhos acabou ficando muito pesada para o volume menor de vendas. Centenas de lojas de quadrinho fecharam. As vendas despencaram. E a Marvel entrou no famigerado “capítulo 11″!

Vendendo as Jóias do Infinito para manter a Manopla 

os direitos dos filmes da marvlNuma situação como essa, todo brasileiro sabe o que fazer. Coloca mais água no feijão, vende o que dá para vender, se vira. E foi justamente o que a Marvel fez. Olhando para a sua biblioteca de personagens, a editora e a empresa buscaram interessados para conceder os direitos de cinema de seus filmes. É importante lembrar que os personagens que eram mais populares na época não são necessariamente os mesmos de hoje; e que os estúdios compradores pensaram também no custo de efeitos especiais de algumas famílias e situações.

Seguindo nesse lógica, os direitos dos filmes da Marvel a Marvel acabaram fatiados da seguinte maneira: X-Men, Demolidor, Quarteto Fantástico para a FOX. Homem Aranha e Motoqueiro Fantasma para a Sony. Hulk para a Universal. Justiceiro para a Lionsgate. Blade para a Newline. Mais do que isso, dada a difícil situação que a Marvel estava, os termos aceitos no contrato não determinavam um fim dos direitos vendidos. Isso quer dizer que, enquanto a FOX, Sony, etc, continuassem fazendo filmes dos personagens comprados, os direitos continuavam com eles. Essa periodicidade variou de personagem para personagem, mas de forma geral dava um direito de uso bem ilimitado para os compradores.

A entrada de recursos (que obviamente não é amplamente divulgada) acabou ajudando a Marvel a se organizar e eventualmente sair do capítulo 11. E o fato da Disney comprar a Marvel enquanto empresa nos anos seguintes, seguramente não atrapalhou.

 

A casa do rato e o Presente

os direitos dos filmes da marvelA vinda da Disney foi uma mudança de patamar. Não somente pelo tamanho dos cofres que poderia financiar filmes, mas também na máquina logística capaz de utilizar os direitos dos filmes da Marvel pelo mundo inteiro. Mas o problema era que, agora, os personagens que mais vendiam quadrinhos (X-Men, Aranha, etc) estavam com outros estúdios. Rapidamente, a linha editorial da Marvel começou a dar passos para redirecionar seus melhores roteiristas e desenhistas para outros personagens. Há muita teoria conspiratória nesse tema – e muita bobagem também. A parte editora da Marvel jamais abandonaria o Aranha e os X-Men, dada a quantidade de edições que essas linhas vendem; mas que houve um ajuste de foco, houve.

O resto é estória do cinema. Homem de Ferro 1 com Robert Downey Junior, dirigido por John Favreau fez o sucesso que fez, mostrando como mesmo um personagem B (sim, o Homem de Ferro era bastante B na época, padawans) poderia explodir quando nas mãos corretas. E enquanto isso, a FOX teve sucesso em X-Men, fracasso em Quarteto Fantástico, e acabou abandonando os direitos do Demolidor, que reverteram para a Marvel (daí as séries da Netflix existirem e estarem baixo o controle criativo da Marvel). A Sony teve um sucesso inicial com os Aranhas com Tobey Maguire, mas retornos cada vez menores no reboot com Andrew Garfield. O acordo atual entre Sony e Marvel ao redor do amigão da vizinhança seguem confusos, mas sabe-se que o Aranha pode ser usado nos filmes da Marvel, desde que a Sony possa usar alguns personagens da Marvel na franquia do Aranha baixo sua “bandeira”.

O que nos leva ao presente. FOX com X-Men e Quarteto Fantástico, Sony com um Aranha com “guarda dividida” e a Marvel/Disney com o resto. Pode parecer fácil colocando assim, mas todo mundo que vê um Mercúrio nos filmes da FOX e da Disney fica confuso. Essa situação fala muito da complexidade dos contratos originais: Mercúrio tem origem tanto nos X-Men como Vingadores nos quadrinhos e, provavelmente, no contrato de divisão alguma nota de rodapé maluca permitiu que ele corresse de um lado para o outro em Hollywood.

E a minha pipoca?

os direitos dos filmes da marvelO que isso importa? Bom, primeiro que teremos muitos filmes de heróis de quadrinho baseados nas propriedades da Marvel. O segundo é que fica difícil de imaginar encontros das grandes famílias (X-Men versus Vingadores, por exemplo), dado o interesse de cada estúdio de lucrar em cima de seus direitos. E que, por vários anos no futuro, muito se falará sobre o impacto nos quadrinhos. A mudança de família de Feiticeira Escarlate e Mercúrio, a não publicação de estórias do Quarteto Fantástico e a redução da linha dos X-Men e o surgimento da linha dos Inumanos com certeza gera falatório com os fãs.

Entendeu tudo? Sabe fazer a divisão dos milhões que vão para cada estúdio? Se não, escrevam, comentem: nós responderemos!

Quadrinhos, séries e filmes são meu principal hobby e necessidade básica do dia-a-dia! Jogador velhaco de videogame, especialmente Nintendo (por mais que isso seja difícil às vezes!). Provavelmente o maior fã de Marvel que você conhece!

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