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REVIEW/Ghostpia Season One: Garotas Fantasmas Fofas e Violência com Traço Infantil  

Aquele joguinho com arte fofa, e músicas leves, que pode acabar te deixando perturbado com tanto sangue e violência gratuita.

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Aquele joguinho com arte fofa, e músicas leves, que pode acabar te deixando perturbado com tanto sangue e violência gratuita.

Definitivamente, não julgue este game por sua aparência infantilizada.

Me mandaram esse tal de Ghostpia Season One pra que eu escrevesse sobre, com a condição de que o texto estivesse pronto em uma semana. Concordei, olhando apenas pela imagem de capa do game, achando que se tratava de algum jogo indie com gameplay única e uma história emocionante. Acertei só na segunda opção. Depois de “jogado” dois episódios inteiros dessa “Temporada Um” (e pesquisado bastante sobre o jogo), finalmente me sentei pra escrever.

Sayoko, a de cabelo preto, é o tipo de protago violenta e assassina que não está nem aí pra nada, além das amigas.

Trata-se de um game, que, na verdade, muitos nem considerariam como sendo um jogo, mas sim, um livro digital. Em Ghostpia Season One, você não escolhe a roupa do seu personagem, nem seu nome, nem seus poderes ou quais objetivos ele vai alcançar primeiro. Você não precisa apertar os botões na hora certa ou na direção certa. Se quiser, você consegue até zerar o jogo apertando apenas o mesmo botão cinco ou seis vezes.

Todo o jogo tem esse traço, meio vídeo cassete.

Ghostpia Season One (mais ou menos, algo como “Utopia-fantasma Temporada Um”) é um jogo de visual novel criado por Chosuido (um desenvolvedor com um humor meio perturbador), do studio de games Room6 e publicado pela PQube, em 2023. Com desenhos que lembram livros infantis, e uma história bem violenta envolvendo garotas fantasmas, o jogador praticamente lê um livro animado, por horas de gameplay, apenas apertando o botão “a” pra que as páginas avancem.

Apertando um único botão, você avança a história e as imagens vão aparecendo.

Muitos gamers brasileiros (inclusive eu) não são familiarizados com o gênero de virtual novel, e, talvez, por isso, poucos games do tipo saiam em português do Brasil. Sim, Ghostpia é ótimo pra quem está aprendendo inglês, mas inconveniente pra o público brasileiro e terrível pra quem odeia ler. Mesmo que não haja gameplay onde, de fato, o personagem seja controlado da esquerda pra direita, algumas visual novels (ou novelas virtuais, se preferir) dão ao jogador poder de escolha, criando assim, diferentes opções de histórias, ou seja, dependendo das suas escolhas, o final muda. Um exemplo famoso desse gênero é a franquia de jogos “Ace Attorney”, que, no Japão, foi extremamente jogado durante a vida do maravilhoso Nintendo 3DS (2011-2023).

Ace Attorney (famosa franquia visual novel) é, praticamente, um curso de inglês pra gamers brasileiros.

Porém, Ghostpia Season One é uma novel descompromissada com essa mecânica de escolhas e finais alternativos. No game de Chosuido, o jogador apenas dá o play na história e lê (ou melhor, assiste) todas as narrações, diálogos e animações que aparecem na tela, até zerar o jogo. E, quando digo zerar o jogo, me refiro a descobrir o que acontece no que os criadores chamaram de episódio final da “Temporada Um”. Sim, provavelmente uma continuação será lançada.

Com desenhos nesse estilo fofinho de tração, quem imaginaria que esse game traria uma história tão sanguinária.

Sobre a história. Existe uma cidade misteriosa onde mil e vinte e quatro habitantes, todos fantasmas, moram lá há centenas (talvez, até, milhares) de anos. Ninguém entra ou sai nessa cidade, nunca, logo, o número de habitantes sempre foi o mesmo. Mas, esses habitantes não são fantasmas comuns, na verdade, se parecem mais como humanos (ou zumbis amaldiçoados?). O povo, lá, anda, trabalha, socializa e tudo mais, com uma única limitação: Eles não podem sair durante o dia, caso contrário, meio que eles derretem. Ah, e nenhum deles podem morrer de verdade, porque, quando morrem (e tem muita morte cruel nesse jogo!), as pessoas, simplesmente, ressuscitam num lixão.

Tudo nessa cidade é desenhado num estilo infantil, como se fosse feito pra um paradidático da quinta série.

É nesse contexto que se encontra Sayoko, a protagonista antisocial, que, sem perceber, é catapultada na trama e se vê indo atrás de descobrir quem é a habitante número 1025 que, do nada, chegou à cidade. Sakoyo se junta a Pacífica, uma garota loira mandona, por quem ela parece ter um crush secreto, e, juntas, elas decidem enfrentar “Padre”, o líder espiritual desses fantasmas que, supostamente, é o vilão da história. As duas acrescentam Anya a equipe, uma fantasma ruiva e muito inteligente, com o objetivo de descobrir quem é a nova pessoa que chegou à cidade e salvá-la das garras do padre, que a aprisionou na igreja.

Sayoko Versus “The Priest”! Woow!

Falando sinceramente, este não é um jogo fácil de engolir. Principalmente se você é um gamer ocupado, com sintomas de ansiedade, e que está habituado a jogar games acelerados. Não é que a história seja ruim, porque ela não é, mas sim, pela forma com que a primeira hora de gameplay acontece. Posso listar vários fatores, e, o primeiro deles, é o mais evidente: Ghostpia é, inicialmente, lento e monótono. A história se arrasta por horas de textos muito bem trabalhados, mas que, no início, parecem irrelevantes. Definitivamente, não comece a jogar esse jogo pela noite, ou deitado na cama. Por vezes eu peguei no sono jogando ele, e, de certa forma, foi uma experiência relaxante (principalmente por conta da música leve e encantadora). Mas não se engane pela abordagem fofa e infantil do game, porque ele não é nada leve e encantador, muito pelo contrário.

Clara, a personagem da esquerda, logo após levar uma surra da protago, Sayoko, sem perceber que (SPOILER!) vai morrer gratuita e violentamente em cada um dos episódios.

Se você aguentar os momentos pensativos da protagonista, e as conversinhas fofas e descompromissadas de suas amigas e ler tudinho até o episódio dois do game, corre um grande risco de se apaixonar pela experiência que Ghostpia te propõe. É como ler aquele livro enorme de fantasia que, de início, é chato e confuso, mas que, do meio pra o final, fica super envolvente. A música, os personagens, e a arte… Precisamos falar sobre a arte desse game.

Da esquerda pra direita, Pacífica, Anya e a psicopata Sayoko.

Talvez o ponto mais forte de Ghostpia Season One seja a sua arte, feita com centenas de desenhos infantilizados (estilo giz de cera com lápis de cor), e o contraste disso, pra com a história sangrenta e cheia de violência gratuita da visual novel. Todas as personagens são ilustradas de uma maneira muito bonitinha, fazendo com que uma falsa sensação de leveza e inocência seja criada. Imagine cenas fofas de romance, timidez e amizade, com esse traço, misturadas a imagens de violência, fraturas corporais, mutilação e, até mesmo, morte. Não tem como “zerar” esse game e não ficar com pena de uma certa personagem que, “claramente”, lembra o Kenny de South Park. Além disso, há um efeito continuo de “Tv dos anos 90”, como se toda a gameplay estivesse sendo exibida num videocassete antigo.

A protago meteu bala nas bolachas do joelho do guardinha, sem dó nem piedade.

Na minha opinião, o maior ponto fraco dessa visual novel foi a escolha das fontes de texto. A equipe da Room6, não sei por que, achou que ficaria mais divertido colocar fontes de texto serifadas em todas as narrações e pensamentos da protagonista (o que, praticamente, representa setenta por cento das palavras lidas nos dois primeiros episódios de Ghostpia). Apenas os diálogos “falados”, entre um personagem e outro, são apresentados em fontes sem serifa. Pra quem não sabe, uma fonte serifada, é aquela letrinha que possui “enfeites” nas pontas, já, fontes não serifadas, são as letrinhas mais “limpas”. Aprendi na faculdade de jornalismo que devemos usar essas fontes “enfeitadas” em textos que serão impressos no papel, e não coisas que vão ser mostradas em telas de celular ou computador.

Sayoko e a misteriosa habitante fantasma número 1025.

Pesquisando na internet, descobri que esta é, na verdade, uma nova versão do jogo “Ghostpia”, lançado, originalmente, em 2014, pra Iphone. Sabendo disso, fica mais fácil entender como a visual novel parece ser muito perfeitinha no que se propõe a fazer: contar uma história com desenhos em simultâneo. Não é a melhor experiência visual novel pra uma pessoa inexperiente no gênero, mas trás boas músicas e uma arte única. Talvez, sem isso, terminar o jogo fosse um grande desafio.

Quando essas quatro protagonistas, finalmente, se juntam, você diz “Agora a história vai começar!”. Aí, do nada, (SPOILER) uma bomba gigante explode, do nada, e todas morrem. E, claro, ressuscitam inteiras no lixão.

Ghostpia Season One já está disponível pra PC, Nintendo Switch e iOS.

Review realizada graças a chave de Nintendo Switch fornecida pela Room6

  • As quatro protagonistas

  • Com uma arte dessas, não dá vontade de jogar?

Um cara que na escola escrevia Ceará com “S”, e só tirava notas baixas em redação, Thiago é graduado em engenharia, pedagogia e cursa jornalismo (só pra ver o que acontece). Ama jogar videogame e escrever comédias românticas. É, também, dono do canal de Youtube “E Se Fosse no Brasil?”.

3 Comments

3 Comments

  1. Anônimo

    22 de junho de 2023 at 22:59

    CARACAAAAAA. FICOU INCRIVEL ESSA CRITICA. UMA DAS MELHORES QUE JA LI. EXPLICA TAO BEM E DE FORMA TAO PRECISA QUE NAO SEI FORMAS DE ELOGIAR! SIMPLESMENTE ME TIROU AS PALAVRAS

  2. ZrlvRwMUKFSOIJT

    19 de abril de 2024 at 14:13

    wytfOLNJDpSQTzih

  3. pVYquJlvmDSPNOW

    22 de abril de 2024 at 06:53

    aQuVIeOtBHL

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