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REVIEW | LIFE IS STRANGE: TRUE COLORS

True Colors pode parecer bem leve e nada impactante de início, mas esconde grandes reviravoltas que te deixarão chocado(a).

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É interessante ver o quanto os videogames evoluíram com o passar dos anos e quantos novos gêneros foram surgindo nesse durante esse período. Há quem prefira jogos de muita ação, assim como outras pessoas gostam de jogos mais “good vibes”, e outros, assim como eu gostam de varias. Durante essa enxurrada de novos lançamentos deste período do ano onde temos de fatos grandes jogos chegando às nossas prateleiras físicas e virtuais, uma boa surpresa me pegou com a chegada de Life is Strange: True Colors essa que veio para tentar acalmar os meus dias de loops, tiros e porradaria trazendo leveza à jogatina. Era o que eu achava, até entender o quão profundo o jogo é me pegando de surpresa, mais uma vez!

Pra falar a verdade, Life is Strange, nunca foi sobre coelhinhos fofinhos e em como a vida é bela, o game sempre abordou temas densos e profundos até mesmo no seu spin-off lançado em 2018 – The Awesome Adventures of Captain Spirit – e obviamente, True Colors não desviaria esse caminho até porque isso é o diferencial da série; te pegar pelo coração, acima de tudo!

Um elemento que te ajuda nesse caminho é a música. A trilha sonora aparece em – literalmente – todo o game e é uma das melhores partes da gameplay. Inclusive, em alguns momentos o jogo ele te permite só apreciar as paisagens e ambientações ao mesmo tempo em que cria uma espécie de videoclipe que serve como meio de apreciação da trilha sonora, nesse momentos em especial percebemos o quanto que essa soundtrack foi feita com muito carinho e dedicação pelo time responsável.

Os músicos da série Life is Strange provavelmente não ficarão surpresos com o elogio das músicas no novo jogo. Afinal, em todas os jogos anteriores foi assim: A protagonista sempre se encontra acompanhada de ótimas músicas em cada passo, seja música diegética, música não diegética ou mesmo uma combinação delas. São músicas indie discretas, mas muito agradáveis. O jogo geralmente mescla a sensação entre o que o personagem ouve e o que o jogador ouve, o que cria uma impressão muitas vezes invisível durante o jogo e essa é a forma inteligentíssima que a desenvolvedora encontrou de aproximar a personagem de você, de criar laços e que durante o passar das horas de jogo você se sinta realmente dentro dele, afinal, vocês dois (player e personagem) são um só. Em alguns momentos, Life is Strange: True Colors é uma aventura que não exige muito de você e lhe dá espaço para parar, pensar no que está acontecendo ou, sei lá…meditar.

O jogo conta a história da jovem Alex Chan, que, depois de alguns anos distante, volta às suas origens para morar com seu irmão na pequena cidade de Haven Springs, no Colorado. Seu irmão está aos poucos começando uma família lá e quer que Alex faça parte dela.

Em comparação com os jogos anteriores da série, no em uma primeira vista é tudo excessivamente leve – o jogo não começa com assassinato, seu personagem não tem seu mundo desmoronado nos primeiros minutos e a sua vida não parece ter acabado por algum motivo bem pesado até agora, mas Alex está começando lentamente a construir essa nova vida, ou recuperá-la. Mas claro que não é tão, fácil. Né? Em algum momento tudo acaba mudando e claro que não contarei spoilers sobre a trama, mas adianto que o primeiro episódio de True Colors é um dos mais chocantes que já vi, talvez por ter começado tão leve e ter mudado repentinamente quando menos esperava. A reviravolta aqui é vigorosa, rápida, inesperada e realmente enorme – exatamente o que causará um impacto grande o suficiente para você pelo restante do game. 

Mas eu, particularmente, após terminar o primeiro episódio, demorei alguns minutos para processá-lo e não joguei a sequencia da trama logo em seguida. Realmente tudo me pegou de surpresa. De repente, o ar de leveza de uma pequena cidade pacífica não parece tão calma, e as coisas que antes pareciam inofensivas são colocadas em movimento. Você começa a descobrir a verdade sobre o que está ao seu redor. 

Como é de costume da franquia, jogo é novamente dividido em 5 episódios, cada um enquadrado por algum evento significativo que ocorre em Haven Springs. Ao mesmo tempo, cada um move os personagens para algum lugar, especialmente o seu. Você definitivamente explorará mais profundamente suas próprias habilidades, mas também seus relacionamentos. Até mesmo o jogo oferece a possibilidade de relacionamentos românticos e caberá a você decidir sobre algum e para qual direção seu coração irá seguir. Mas devo deixar claro que o romance não é o forte aqui, e se você não quer que Alex tenha um relacionamento com alguém, você não precisa seguir esse caminho. No entanto, em alguns aspectos, essa escolha pode te ajudar e, com certeza, adicionará cenas que você desejará ver.

A habilidade de Alex é menos tradicional que a de seus antecessores, mas adiciona ao jogo uma sistemática muito interessante onde te permite teorizar sobre algumas coisas que estão acontecendo com as pessoas ao seu redor, pois Alex tem a capacidade de sentir empatia além dos limites das pessoas comuns, ela sente com precisão as emoções dos outros que estão por perto. Além disso, ela enxerga as emoções dos habitantes da cidade na forma de uma aura colorida que envolve cada pessoa. A raiva é vermelha, o medo é roxo, a alegria é amarela e assim por diante. Além disso, se essas emoções são realmente fortes, Alex também pode ouvir os pensamentos que as acompanham, que é o principal mecanismo que o levará mais longe. E mais tarde as habilidades do personagem principal aumentam, mas como isso pode trazer um impacto bem grande à sua progressão eu não contarei sobre como isso pode progredir para evitar spoilers, mais uma vez.

Ao contrário dos jogos anteriores da série, True Colors é mais definido no mundo aberto, onde você tem que fazer algumas coisas, mas muitas tarefas são apenas voluntárias, secundárias e opcionais. No entanto, como muitas coisas mudam nos episódios, existem algumas limitações. Por exemplo, você não pode completar tarefas de um episódio em outro. Caso contrário, você pode explorar o ambiente, procurar tarefas paralelas neles, procurar memórias com forte carga emocional ou apenas conversar com os habitantes da cidade. Você nunca sabe aonde as conversas o levarão.

Tivemos muitos jogos do gênero até aqui aqui, onde o jogo pega as informações e te entrega consequências para cada uma de suas ações. A Telltale começou bem neste gênero, mas infelizmente não seguiu para “contar a história”. E temos muitos outros bons como por exemplo, Tell me Why, ou Detroit Become Human (da Quantic Dream). Mas a série Life is Strange é uma das melhores nesse aspecto, e True Colors confirma isso. As decisões fazem sentido e, embora seja verdade que os autores não prepararam muitos finais diferentes para você, você ainda tem a impressão de que o final que obterá é só seu. Você o escolheu, você trabalhou para ele e tudo o que te acompanhou – como você teve um relacionamento, com quem você acabou, como todo o grande mistério acabou para você, e quem defendeu você, tudo faz sentido no final.

Vale a pena?

A história de True Colors é o ponto forte, sem dúvidas, não há apenas uma reviravolta e, embora seja verdade que você pode ter adivinhado uma ou duas coisas com antecedência, ainda pode haver coisas que o chocarão no final. A trilha sonora também não deixa a desejar. Uma coisa que me deixou muito feliz, foi a escolha da desenvolvedora e publisher de lançar o jogo completo de uma só vez – o que não aconteceu em versões passadas – e que até deixaram muitos confusos na época. Sem contar que essa escolha de divisão em capítulos lançados separadamente esfriava aquela chama do hype que criávamos com o final de um capítulo ou outro. Sobre o tempo de jogo, eu levei cerca de 8 a 10 horas para os 5 episódios, e consegui explorar bastante cada cantinho de Haven Springs, mas sempre fica aquela sensação de “esqueci uma coisa ou outra”, e provavelmente algo passou em branco, mas aparentemente nada de tão especial.

Life is Strange: True Colors é uma aventura que traz modernidade sobre como a vida pode uma merda, mas bela. Sobre perdas e descobertas. Um roteiro de imensa qualidade repleto de personagens interessantes e muitas reviravoltas. As decisões fazem sentido e você pode seguir seu próprio caminho no jogo para dar a impressão de que isso é exatamente o que teria acontecido se você estivesse na pele de Alex. Definitivamente, o jogo vale muito a pena e você provavelmente se divertirá e se chocará com muito do que irá encontrar no decorrer da sua gameplay.

Life is Strange: True Colors já está disponível para PC (via Steam), Xbox One e Series X|S, PlayStation 4 e 5. A versão do game para Nintendo Switch também foi anunciada e chegará em algum momento, ainda de 2021.

Diretor de conteúdo do Site AcessoGEEK e Redator no Terra (Geek), especializado em games, cinema, séries e tecnologia, admirador da astronomia e suas teorias místicas de viagens no tempo e espaço, aliens e planetas habitáveis. Sonho em conhecer a NASA.

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